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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um título histórico, confusões e adeus: os altos e baixos de Adriano

Confira os melhores e piores momentos da volta do Imperador à Gávea

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
Gilmar Rinaldi confirmou nesta quinta-feira o que já era dado como certo entre os jogadores do Flamengo desde semana passada. Pouco mais de 12 meses depois do retorno ao clube,  Adriano tem a Itália novamente como destino. Um país que ele conhece bem, onde viveu alegrias e tristezas nos tempos de Inter de Milão, depois de passagem pelo Parma. Foi lá também que se sentiu sozinho e perdeu a vontade de jogar futebol. Acabou enxergando na volta ao Brasil, ao Flamengo, a possibilidade de renascer. Tentou, conseguiu, mas voltou a tropeçar. A carreira de Adriano tem sido assim. O GLOBOESPORTE.COM relembra alguns dos principais momentos da segunda passagem do camisa 10 pela Gávea (veja o vídeo com alguns de seus gols neste período).     
Da glória ao fim do reinado: polêmicas, gols e um título histórico
Adriano comemora gol pelo Flamengo na estreia contra o 
Atlético-PRNa volta ao clube, gol logo na reestreia, contra o
Atlético-PR (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Sete de maio de 2009. Com um sorriso largo, Adriano voltava a vestir a camisa do Flamengo. Numa apresentação imperial na Gávea, abandonou a ideia de curtir uma pausa na carreira para assinar contrato com o clube que o revelou. A intenção estava clara: resgatar o prazer pela profissão e o prestígio abalado pela depressão mal curada que o motivou a largar o Inter de Milão. Fez questão de usar a camisa 10: o mais sagrado entre os mantos sagrados, o que carrega o número de Zico, o maior ídolo da história rubro-negra. Ficou arrepiado.
Na arrancada do time rumo ao título do Brasileirão do ano passado, demonstrou algumas das virtudes de um líder: raça, dedicação e talento para fazer gols. Parecia impossível, mas a equipe foi subindo de produção, atropelou candidatos ao título vencendo os chamados "jogos de seis pontos", entrou no G-4, alcançou a liderança na penúltima rodada e confirmou a conquista na última, contra o Grêmio, no Maracanã absolutamente tomado.
Adriano, do Flamengo, comemora o título brasileiro de 2009Adriano comemora o título brasileiro de 2009
(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
A imagem de Adriano sem camisa, erguendo um troféu que simbolizava a conquista do hexacampeonato rubro-negro ainda está fresca na memória dos torcedores. Havia voltado para ser o novo dono do Maracanã. O dia 6 de dezembro de 2009 entrava para a história. Depois de 17 anos, Fla campeão, na base da superação. Era a coroação da volta por cima, e com tudo, do Imperador. Naquele instante, Adriano parecia ter resgatado – um pouco – da força e da vontade, turbinada por uma boa dose de vaidade, de disputar a Copa do Mundo. Queria mostrar que ainda era o Imperador e conseguiu. Foram 19 gols e importância singular para tirar o clube mais popular do país da fila.

O apelido dado pela imprensa italiana, aliás, norteia a vida de Adriano. Para o bem e para o mal. A sensação de poder o seduz e o atrapalha. E foi assim que ocorreu no Flamengo. A devoção dos companheiros e a subserviência da diretoria ajudaram a subir ao Olimpo no ano passado e ao duro golpe de um império deposto em 2010.

Jamais questionado, faltou a treinos, perdeu jogos importantes, engordou... A explosão técnica e tática que fez ressurgir o híbrido de Imperador com Hulk no Brasileiro de 2009 desapareceu. Pesado, lento e apático recebeu uma chamada de Dunga, no último amistoso antes da Copa do Mundo. O técnico queria uma resposta.

Adriano, do Flamengo, ao lado da noiva Joana MachadoImperador chega à Gávea com a ex-noiva Joana
Machado: brigas e polêmica (Foto: Agência Estado)
Ela veio em forma de escândalo na favela da Chatuba. A vida pessoal de Adriano normalmente não diz respeito às páginas de esporte. Mas por culpa de seu declínio, cabia a questão: por que tanta indiferença em relação à seleção?

E assim surgiram um, dois, três, quase incontáveis problemas. Envolvido em uma rede de boatos e verdades, Adriano enroscou-se. Todos tinham uma história, uma festança a contar sobre o Imperador do Rio. O menino da favela que conquistou o asfalto, mas perdeu-se nas facilidades da vida do futebol.

Mas havia quem pudesse puni-lo. O dia 11 de maio foi emblemático. Dunga não estava confortável por tirar de Adriano a chance de disputar sua segunda Copa do Mundo. Mostrou que afetivamente ainda prende-se à doçura e bondade do grandalhão de 1,89m e, atualmente, acima dos 100kg. Só que alguém – e tinha de ser ele – deveria impor limites no reino de um Imperador desgovernado.
Adriano e Vágner Love no jogo do FlamengoAo lado de Vagner Love: decepção com a queda na
Libertadores (Foto: Jorge William/Agência O Globo)
Fora da lista dos 23 jogadores que vão ao Mundial na África do Sul, demorou a se dar conta de que desperdiçou por causa de atitudes repetidas e pouco profissionais a chance que buscou quando voltou à Gávea. A Copa de Adriano passava a ser apenas continental, a Libertadores da América, mas por um período muito curto. Nas quartas de final, apesar de muito esforço, sucumbiu com todo o time, eliminado pelo Universidad de Chile. Era o último ato.

Com um contrato com os dias contados em mãos (termina em 30 de maio), prometeu pensar com carinho e usar o "coração" para decidir o futuro. Ao contrário do que fez no ano passado, quando também seguiu o coração ao decidir deixar o Internazionale, e um contrato mais vantajoso financeiramente na Europa, para voltar a ficar no Rio, mais perto dos amigos e de suas origens, e jogar pelo Flamengo, Adriano achou que era hora de expandir novamente seu império.

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