Xadrez rubro-negro: linha tênue entre pedras e vidraças na política do Fla
Conheça detalhes de um tabuleiro em que caiu o Rei Zico, apontado durante anos como o único capaz de unir situação e oposição na Gávea
Por GLOBOESPORTE.COMRio de Janeiro
Entender o jogo de xadrez da política do Flamengo talvez seja mais difícil que o desafio da equipe na luta para se manter na primeira divisão. A constante ebulição do clube ajuda a explicar como pode o campeão brasileiro de uma temporada logo em seguida sofrer para se manter na elite. Tudo isso com direito a seu Rei caído com palavras do tipo “esse Flamengo morreu no meu coração”. Justamente Zico, que durante anos era citado como o único nome capaz de unir todas as eternamente conflitantes correntes rubro-negras.
O GLOBOESPORTE.COM mostra o quanto é complicado traçar a linha que separa oposição e situação na Gávea. Zico saiu do clube depois de ter sido atacado por Leonardo Ribeiro. Capitão Léo, como é conhecido, é um ex-integrante de torcida organizada que em 2007 se elegeu presidente do Conselho Fiscal. Foi reeleito em março deste ano, com maioria de votos no Conselho Deliberativo. Na tarde desta sexta-feira, Capitão Léo deu entrevista coletiva na Gávea próximo a Luís Carlos Peruano, outro oriundo de facções organizadas que tem voz ativa nos corredores do clube. Peruano, por sua vez, participou diretamente da campanha para eleger Patrícia Amorim em dezembro do ano passado. Peruano ama Léo, que não gosta de Zico, que - ao sentir-se abandonado - abandonou Patrícia, que ficou sem chão.
Patrícia, no entanto, ainda tem fortes aliados. Um deles é o vice geral Hélio Ferraz, presidente do clube em 2003 com apoio político do grupo de Márcio Braga. O mesmo Braga que, nesta sexta, criticou Patrícia Amorim e levantou suspeitas sobre Leonardo Ribeiro. Hélio também esteve junto de Kléber Leite quando o ex-presidente voltou a comandar o futebol do clube, em 2005. Kléber que foi opositor de Patrícia na eleição do Flamengo no ano passado, apoiando Plínio Serpa Pinto. Também foi adversário da atual presidente na eleição do Clube dos 13 - Patrícia é atualmente vice-presidente na gestão de Fábio Koff. Márcio Braga, Patrícia Amorim, Helio Ferraz, e Kléber Leite: linha tênue entre pedras e vidraças
Outro braço direito de Patrícia Amorim é o vice de finanças Michel Levy, que, segundo relatos de quem vive o dia-a-dia do clube, não se entendeu muito bem com Zico. Sempre que houve dificuldades em tentativas de contratação, o Galinho se justificava alegando problemas financeiros, contrariando Levy. Um dos desentendimentos ocorreu na tentativa de contratação de Gilberto Silva. Levy teria tomado a frente na tentativa de troca por Kleberson. Zico ficou sentido. Não só por que a negociação não se concretizou, como também pelo fato de não ter sido o condutor principal das conversas.
Em meio à crise envolvendo Zico, uma voz que raramente se ouve foi notada. José Carlos Dias, antecessor de Levy no comando das finanças rubro-negras, defendeu o Galinho dizendo que ele vinha sendo atacado “pelos mesmos que deixaram o Flamengo sem talão de cheques”. Dias era vice de finanças na gestão Delair Dumbrosck, lamenta a saída de Zico e critica a postura de Capitão Léo. Já seu filho, André Dumbrosck, enviou mensagens para lista de e-mails do clube ajudando o processo de ataque ao Galinho.
- O Flamengo é pior do que qualquer partido político – resume Delair.
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