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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Em entrevista exclusiva, diretor do Flamengo diz: 'Aqui é preciso ambição'

Egídio será observado nos primeiros jogos do Carioca, mas é considerado inexperiente para ser o titular da posição



Vinicius Castro
Em Londrina (PR)


Luiz Augusto Veloso foi vice-presidente do Flamengo em 1991 e 1992. Nos dois anos seguintes, sentou na cadeira da presidência, e comandou o clube mais popular do país. Durante aquela passagem, passou a entender melhor o funcionamento da “Máquina Flamengo”, como o próprio diz. Sem se expor muito nos anos seguintes, Veloso sempre assistiu aos jogos do Flamengo, trabalhou com jornalismo, participou de projetos ligados ao esporte, até ser convidado pela presidente Patricia Amorim para voltar a trabalhar no Rubro-Negro em outubro do ano passado.
  • Vinicius Castro/ UOL Esporte
    Luiz Augusto Veloso comanda o futebol do Fla ao lado de Vanderlei Luxemburgo e Isaias Tinoco
  • Vinicius Castro/ UOL Esporte
    Veloso não descarta a chegada de novos reforços, mas diz que o elenco está fechado no momento
  • Alexandre Vidal/ FLA Imagem
    Veloso e Luxa: conversas constantes envolvendo elenco, profissionalismo e estrutura no Flamengo

Desta vez, nada de atuação como dirigente voluntário. Veloso foi contratado pela mandatária para gerir o futebol do clube. Hoje, o ex-presidente é diretor de futebol remunerado e divide tudo o que acontece no departamento com o técnico Vanderlei Luxemburgo e o gerente de futebol Isaias Tinoco.
Durante a passagem do Flamengo por Londrina, que sediou a pré-temporada do clube, Luiz Augusto Veloso concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte em um restaurante da cidade. No local, o dirigente falou sobre os bastidores de seu retorno ao clube, o peso de substituir Zico, a mudança de estrutura no futebol rubro-negro, dispensas, Ronaldinho, aposta em Diego Maurício, Vagner Love, Adriano, além de sua convicção atual no Flamengo.
“Para jogar e trabalhar aqui é preciso ter ambição. Tem que querer ganhar sempre, ter metas do tamanho do clube. As contratações do Ronaldinho e Thiago Neves nos trazem isso. A ambição de lutar sempre pela vitória”, afirmou.
Confira a entrevista exclusiva com o dirigente rubro-negro:
UOL Esporte - Por que voltar ao Flamengo depois de alguns anos longe dos holofotes?
Veloso - “Participei bastante da campanha da Patricia Amorim. Ela achou que o meu trabalho poderia ser útil no processo que desejava ver no clube. Foi um convite desafiador e pensei muito antes de aceitá-lo. Hoje, sou 24 horas por dia dedicado ao Flamengo. Não tem como ser diferente. É uma honra e uma responsabilidade profissional. Por exemplo, esse período de mercado foi um massacre. No dia 31 de dezembro, algumas horas antes da virada do ano, estava com a minha filha de quatro anos me dando bronca por ter ficado o tempo inteiro no telefone resolvendo problemas do departamento de futebol”.
UOL Esporte – Como foi administrar o peso de chegar ao Flamengo para substituir o Zico, maior ídolo da história do clube?
Veloso - “Criou-se essa situação, mas não cheguei para substituir o Zico. Foi uma mudança em toda a estrutura do futebol. Participei do convite ao Vanderlei e da mudança no direcionamento. Junto com o Isaias Tinoco (gerente de futebol) e Vanderlei passei a montar um trabalho apoiado no restante do clube. Tento fazer com que as coisas fluam da forma mais harmônica possível no Flamengo. O futebol caminha junto ao marketing, finanças, jurídico. De certa forma, essa articulação entre nós três me protegeu da questão de ter chegado para substituir o Zico. Não tenho a intenção se ser protagonista de nada. Estou no clube dentro de uma nova estrutura e com alguma experiência de como funciona a máquina Flamengo, o que sem dúvida é um facilitador no processo. O entendimento do Vanderlei também ajuda muito no trabalho. Ele é um profissional com experiência enorme e visão global do futebol. Não dirigiu Real Madrid, Seleção Brasileira, e foi campeão por onde passou à toa”.
UOL Esporte – Quando e como a tão falada mudança de estrutura no clube começou a ser implantada com vocês?
Veloso – “Foi logo no primeiro jogo em que assumimos. O Flamengo jogou contra o Atlético-GO em Volta Redonda e levei a estrutura do marketing para conversar com o Vanderlei. Sabia que seria fundamental esse contato inicial. Para quem não sabe, ali a história do Ronaldinho, que já era um desejo da Patricia, foi levada ao Vanderlei, que adorou a idéia. Talvez essa seja a minha maior contribuição no momento. Funciono como um articulador do futebol em relação aos demais setores do clube. Sem isso, a negociação do Ronaldinho não teria sido bem sucedida. A idéia começou na presidência, o marketing deu uma estruturada na proposta, o futebol entrou no meio, e os setores de finanças e jurídico colocaram tudo no papel. O carro chefe do Flamengo é o futebol e para que possamos alcançar os resultados é fundamental que todos se articulem dentro deste processo”.
UOL Esporte – E a participação do Vanderlei na construção do CT Ninho do Urubu também saiu desta conversa?
Veloso - “A decisão pela construção do CT foi tomada na reunião de contratação do Vanderlei. Ali, já definimos todo o trabalho. Percebemos que o elenco precisava de uma privacidade. Transformamos a viabilização do CT em uma meta desta gestão do futebol. Na reunião, o Vanderlei colocou a questão de que qualquer CT no mundo sai com a sua ocupação, não dá para esperar o espaço ficar pronto para utilizá-lo. Definimos na reunião também a meta esportiva da vaga na Sul-Americana e estipulamos a análise criteriosa do departamento para que as mudanças fossem feitas este ano”.
UOL Esporte – Você falou anteriormente sobre a análise criteriosa do departamento de futebol. Quando vocês definiram os afastamentos de Petkovic, Kleberson, Val Baiano, Correa, Diogo e outros jogadores?
Veloso - “O ano passado foi muito difícil. É natural que aconteça uma mudança. O que cabia era avaliar o que estava acontecendo nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro e o que precisava mudar. Acho que fizemos coisas pontuais. Elas (mudanças) não colocam em questão a capacidade e competência dos atletas, mas achamos que a comissão técnica também precisava de uma arejada, assim como o elenco. Vamos encontrar soluções positivas para esses jogadores e para o Flamengo. Alguns poderão ser emprestados e estamos conversando para encontrar a melhor solução".
UOL Esporte – Sabemos que a situação do Petkovic não é tão simples assim. Ele tem um acordo judicial com o clube para receber atrasados de alguns anos atrás. O que será feito com ele? Alguma possibilidade de reintegração?
Veloso - “O Petkovic chegou um pouco depois por causa do Natal Ortodoxo. Vamos conversar com ele e seu agente para verificar toda a situação. Ele não será reintegrado, mas está sendo tratado com respeito como todos os outros jogadores. São todos bons profissionais. Isso não está em questão. Estamos preocupados em encontrar uma solução mais rápida para que tudo se resolva sem problemas”.
  • Vinicius Castro/ UOL Esporte
    A confiança de Veloso em Ronaldinho é total. Para ele, o astro tem o perfil na ambição pelas vitórias
UOL Esporte – Estes jogadores não ficam no Flamengo, mas o clube trouxe atletas novos seguindo o planejamento de rejuvenescer o elenco. Além disso, vocês trouxeram Ronaldinho e Thiago Neves. Dá para dizer que o Flamengo montou um dos melhores times do Brasil?
Veloso - “Acho que temos um elenco para disputar dignamente todas as competições. Pelo menos o Estadual e a Copa do Brasil, os dois primeiros torneios do ano. É um elenco mais rejuvenescido porque procuramos identificar os problemas da temporada anterior. Você pode perceber que não houve nenhum tipo de preconceito. Ao mesmo tempo em que entendemos a necessidade de juventude também renovamos com o Angelim até o final da temporada. Acredito que temos um grupo individualmente forte e que vai se transformar logo em um time competitivo coletivamente. O Ronaldinho era o que queríamos desde o meio do ano passado e ainda conseguimos o Thiago Neves. São contratações que vão elevar muito a qualidade da nossa equipe”.
UOL Esporte – Você consegue mensurar a importância do Ronaldinho para o Flamengo como um todo? Falo na questão da identidade do clube, euforia do torcedor, resgate de um ídolo...
Veloso – Posso dizer que ele está muito entusiasmado e sua contratação atende ao lado técnico total da equipe. Mas realmente penso mais do que isso. Ela dá a dimensão do que o Flamengo precisa ter sempre e jamais pode se privar. Para jogar e trabalhar aqui é preciso ter ambição. Tem que querer ganhar sempre, metas do tamanho do clube. Acho que o Ronaldinho traz isso e também o Thiago Neves. São jogadores com o perfil das vitórias que o Flamengo sempre conquistou em sua história”.
UOL Esporte – Pelo menos para o primeiro semestre você pode anunciar que o elenco do Flamengo está fechado?
Veloso - “Sim. O elenco é este que está aí. O que não quer dizer que se pintar uma boa oportunidade de negócio não iremos fazê-lo e que estou mentindo agora. Inicialmente não virá mais ninguém. O Vanderlei está satisfeito, mas o trabalho de avaliação é permanente aqui no Flamengo”.
UOL Esporte – O retorno do Vagner Love é muito comentando nos bastidores do clube. Não é segredo para ninguém que ele é um grande rubro-negro. Inclusive, esteve presente na apresentação do Ronaldinho, que teria pedido a sua contratação. Qual é a real possibilidade de o atacante retornar ao Flamengo ainda este ano?
Veloso - “Por enquanto não existe nada. Sabemos que é uma situação financeiramente inviável no momento. Dizer que não seria um grande reforço está fora da ordem do dia. Ele é um jogador integrado ao CSKA, que investiu muito nele, mas o futuro é de Deus. O Vagner teve uma atitude muito legal na apresentação do Ronaldinho, mostrou o quanto gosta do Flamengo e toda a sua humildade. As pessoas dizem que o Ronaldinho pediu a sua contratação, mas para mim não chegou nada, pode ter sido na presidente (risos). Não restam dúvidas de que é um grande jogador”.
  • Alex Carvalho/UOL Esporte
    Vagner Love e Adriano: amor pelo Fla e vontade de voltar. Ao que parece, mais chances para V. Love
UOL Esporte – A diretoria parece receptiva ao Vagner Love. Mas com o Adriano a situação é diferente. Por que? Já que ele sempre demonstra vontade de voltar ao Flamengo quando deixar a Roma.
Veloso - “O Adriano é jogador da Roma. Nunca tratamos do assunto. Ele demonstra amor pelo Flamengo nas entrevistas, mas é um jogador caro, uma série de coisas, não é uma decisão fácil. Fizemos um esforço financeiro grande para reformular o elenco, mas o Adriano jamais fez parte de qualquer reflexão. Tenho um carinho imenso por ele. O primeiro documento oficial dele no Flamengo foi assinado por mim. Ele tem uma história no clube, mas um processo de contratação envolve outras coisas”.
UOL Esporte – O Diego Maurício é um jogador em quem vocês apostam muito e desejado atualmente por clubes da Europa. Existe alguma possibilidade de ele deixar o Flamengo agora? Quais os planos do clube para o jogador?
Veloso - “Levamos muita fé nele. Apostamos no Diego Maurício como em outros jogadores da base. Ter um time assim é um objetivo futuro, com jogadores formados no Ninho do Urubu. Ele tem um potencial imenso e não está nos nossos planos vendê-lo. Por isso, fizemos um contrato para nos proteger, pois sabíamos que as investidas seriam inevitáveis”.
  • Alexandre Vidal/Fla Imagem
    Diego Maurício: cuidado especial dos dirigentes e sem possibilidade de deixar o Fla no momento
UOL Esporte – Quais as principais mudanças que você percebe no Flamengo da época em que era presidente para os dias atuais?
Veloso - “Não é só o Flamengo que mudou. O futebol se modificou por inteiro. Os valores, relação profissional, as regras de mercado, o papel dos agentes, investidores. Na minha época não havia isso. O primeiro investidor que apareceu e fez um arrasa quarteirão foi a Parmalat, no Palmeiras. Antigamente eram os bicheiros que ajudavam um clube aqui, outro lá. As receitas são infinitamente superiores hoje também. É outro futebol, é difícil até comparar. Na época, era o presidente, não o diretor de futebol, isso é diferente. Acho que o Flamengo passou a se preocupar com a condição estrutural do trabalho. Sem isso, o futebol de hoje não anda. As regras nos conduzem para a responsabilidade na gestão. Não pode existir atraso interminável no salário. O ideal é que nem sequer ocorra, porque o jogador pode se desligar a qualquer momento. Se o clube não se preparar está morto”.
UOL Esporte – Mas como profissionalizar um clube que historicamente é domado por dirigentes amadores, que não recebem para cumprir suas atribuições?
Veloso - O Flamengo evoluiu muito nos últimos anos. A Patricia tem tentando aprofundar a questão. Realmente existe o problema de que o clube segue sendo uma associação com seus conselheiros e estatuto. Essa é uma questão, mas acho que é possível a gestão profissional caminhar em conjunto com os poderes do clube. Isso é a história do Flamengo. Acho bom, pois os conselhos cumprem um papel interessante nos aspectos de definição, estratégia. O Real Madrid e o Barcelona, clubes admirados no Brasil, agem da mesma forma. Já adotaram alguns mecanismos diferentes, mas possuem seus conselheiros, que aprovam, ou não, as questões. Acho que devem acompanhar e fiscalizar tudo mesmo. Porém, o espaço para o profissionalismo já é percebido pelos poderes. As coisas vão andando”.

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