Luiz Antonio: chance de ouro para superar os obstáculos
Jovem volante será titular pela primeira vez contra o Atlético-MG e aposta no poder de superar barreira e vencer na carreiraBruno Braga
Publicada em 24/06/2011 às 08:26
Rio de Janeiro (RJ)
Publicada em 24/06/2011 às 08:26
Rio de Janeiro (RJ)
O rigor do pai Luiz Carlos, a paciência da mãe Iza e, principalmente, a dedicação e a persistência de Luiz Antonio começam a transformar a vida da família Soares. O jovem volante está prestes a receber a primeira chance no time titular do Flamengo. O esforço começa a ser recompensado.
A aguardada chance de ouro na vida de Luiz Antonio será dada neste sábado, na partida contra o Atlético-MG. Ele participou dos treinos tático e coletivo como titular na vaga de Willians, suspenso por ter recebido três cartões amarelos.
Luiz tem uma história de superações - Bruno de Lima
– Se ele tiver de me colocar, estarei preparado. Já passou o nervosismo da estreia. A estreia não poderia ser melhor como num clássico. Vou procurar melhorar no próximo jogo para cair nas graças da torcida – explica Luiz Antonio, que estreou no time ao entrar no intervalo do jogo contra o Botafogo.
Mas nada foi simples na vida do garoto Luiz Antonio. Até ser incorporado ao elenco profissional, há um mês, ele teve de superar vários obstáculos. Quando chegou ao Flamengo, em 2003, após passar pelo futsal do Piedade e do Social RamosClube e Madureira, o garoto teve dificuldade para se adaptar aos gramados.
Para chegar a tempo no treino, Luiz tem de sair cedo de casa, localizada no bairro Encantado, no subúrbio do Rio. Em média, Luiz leva duas horas para chegar ao Ninho do Urubu, em Vargem Grande. Como o dinheiro em casa era curto e ajuda de custo do clube era utilizada para pagar a passagem, algumas vezes Luiz saía da escola e ia para o treino sem almoçar.
– Cansei de ir sem comer. Passava mal, mas queria jogar. Me empanturrava de Gatorade, para encher a barriga e ir treinar. Era garoto, fominha, gostava muito – relembra, Luiz Antonio.
Apesar das dificuldades, os pais sempre o aconselharam a ter o estudo como prioridade. Aos 20 anos, já terminou o ensino médio e pretende cursar faculdade de administração ou fisioterapia. Articulado, gosta muito de ler biografias de esportistas.
- Gostei muito de ler a do Bernardinho: Transformando Suor em Ouro – explicou Luiz.
Assim como na obra preferida, a história do garoto Luiz Antonio é recheada de superações. Sábado ele terá mais uma barreira a ser transposta. Alguém duvida?
Luiz ocupou a vaga de Willians - Gilvan de Souza
Volante-artilheiro nos juniores
Luiz Antonio chamou a atenção do auxiliar técnico Jaime de Almeida por suas apresentações no Estadual de juniores. Apesar de ser volante, ele marcou 12 gols. Depois da avaliação feita, ele foi incorporado ao time profissional e vem ganhando a confiança do técnico Vanderlei Luxemburgo.
– Conheci ele (Luxemburgo) há um mês atrás. Foi importante ele me colocar no jogo e ter a confiança em mim nos treinos. São coisas que eu vou levar para sempre. Ele quer vencer esse Brasileiro de qualquer forma e nos passa isso para nos motivar a querer vencer – explicou o volante.
Perfil diferente de Willians
Perfil diferente de Willians
Perfil mais tranquilo do que Willians
Se Willians é conhecido por às vezes ser exagerado na marcação, Luiz Antonio parece ter um perfil mais tranquilo. Durante os treinos, o jovem mostrou poder de marcação e chegou com qualidade ao ataque no coletivo.
– Tenho os dois lados. O do pitbull como o do Willians, que gosta de marcar forte e pegar também. E o outro, quando estou com a bola, preciso mostrar tranquilidade e qualidade para tocar – explicou o volante Luiz Antonio. Na sua partida de estreia no time profissional do Flamengo, contra o Botafogo no último domingo, Luiz quase fez um gol.
Luiz teve de ter equilíbrio em alguns momentos - Bruno de Lima
CONFIRA O BATE-BOLA EXCLUSIVO COM LUIZ ANTONIO
A família cobrava bastante com relação aos estudos?
Sempre dei prioridade aos estudos antes do futebol. Futebol é consequência. Cansei de tirar nota ruim na escola e deixar de ir ao treino. Eu chorava para ir e meu pai não deixava enquanto não melhorasse as notas. Além de jogar futebol, gosto de entender as pessoas, de saber me expressar, de falar bem para não falar errado.
Como está encarando essa transição para o profissional?
É bom estar participando dos jogos com Thiago Neves e Ronaldinho. É um momento diferente. Aos pouquinhos, a ficha está caindo. Estou começando a me integrar. O Ronaldinho colocou o apelido de pequeno Michael Jackson. Não sei dançar, aquele cara dançava muito. Tenho um pouco de requebrado, mas a vergonha bate mais forte.
Explique um pouco de suas características em campo...
Eu gosto de chegar, de bater para o gol. Quando aparece uma oportunidade, procuro fazer um golzinho que é sempre importante, mas nunca esquecendo que a prioridade da nossa posição é marcar. Muita marcação, bastante movimentação. Eu gosto muito de jogar de segundo volante, indo para o ataque, chegando e dando opção. Prefiro deixar de fazer o gol para dar um passe. Maldonado é uma referência.
Engenhão é o palco da primeira partida como profissional - Bruno de Lima
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