Ronaldinho: reza, beijo e um abraço apertado em Vanderlei Luxemburgo
Camisa 10 e técnico se cumprimentam no vestiário depois da vitória por 4 a 1 sobre o Atlético-MG, que mudou o ambiente no Flamengo
Com os punhos cerrados, Ronaldinho Gaúcho desce a escada do campo para o vestiário do Engenhão; de braços abertos, o camisa 10 cumprimenta Vanderlei Luxemburgo num espaço anexo ao que estão os outros jogadores. Nos bastidores, o abraço entre o capitão e o comandante do Flamengo na sala de técnicos do estádio encerrava uma semana de pressão e polêmica. Chegava ao fim também um jogo em que o Rubro-Negro venceu o Atlético-MG por 4 a 1, com reza, aflição, altos e baixos, golaço. Na noite deste sábado, Ronaldinho viveu seu carrosel de emoções. E selou a paz momentânea e a união ao beijar o escudo do lado esquerdo da camisa rubro-negra.
- A expectativa era que a porrada comesse, né?! (risos). Mas conversamos, Ronaldinho tem talento e sabe que cometeu alguns excessos – declarou Vanderlei depois da partida.
E muita coisa mudou desde o jogo contra o Botafogo, no último domingo, quando Ronaldinho Gaúcho foi vaiado pela torcida. Se ainda não foi uma atuação de gala diante do Atlético-MG, pelo menos nos detalhes o camisa 10 demonstrou mudança de postura.
Saudado pela torcida antes de a bola rolar, Ronaldinho protagonizou uma cena incomum: com os braços esticados, as palmas das mãos para cima e os olhos fechados, ele rezou. Durante o jogo, fez repetidamente o sinal da cruz.
Nas primeiras jogadas, quando conduzia a bola, a torcida fazia uma espécie de suspiro à espera do brilho do craque. Depois de cobrar mal uma falta, Ronaldinho chutou o gramado três vezes com o bico da chuteira. No primeiro tempo, o jogador até se movimentou, mas pouco apareceu. Conseguiu um chute fraco que parou nas mãos do goleiro e se chocou com um adversário. A trombada fez com que deixasse o gramado com dores na costela.
Antes de a bola rolar para o segundo tempo, Ronaldinho, capitão da equipe, reuniu os companheiros no gramado para uma conversa. Com a bola rolando, subiu de produção, melhorou a movimentação, cabeceou para a defesa do goleiro e chutou rente à trave. Aos 21 minutos, marcou o golaço de empate, correu para o centro de campo e foi abraçado por todos os companheiros. Renato, um dos mais experientes do elenco, passou confiança ao jogador numa rápida troca de palavras.
O camisa 10 fez o sinal da cruz, um gesto como quem pede silêncio, agradeceu o apoio da torcida e beijou o escudo do clube. Depois, fez um sinal de o.k em direção a Vanderlei Luxemburgo no banco de reservas.
- O Ronaldinho tem talento de sobra - afirmou Deivid, autor de dois gols diante do Galo.
Ronaldinho seguiu com boa participação. Ainda com a bola rolando, ouviu os gritos de ‘Ah, é Ronaldinho’. Depois do fim da partida, o coro se repetiu. O jogador foi o último a deixar o campo depois de trocar a camisa com Toró, ex-jogador do Flamengo e reverenciar novamente a torcida.
Bons números nas finalizações
O camisa 10 conseguiu seis finalizações, sendo um gol, duas defendidas pelo goleiro e três para fora. Diante do Botafogo, Ronaldinho não dera nenhum chute a gol.
Na saída, não concedeu entrevistas. O silêncio e o gol foram a maneira de o jogador responder às críticas que recebeu nos últimos dias por conta de sua agitada vida particular.
Já próximo ao vestiário, Ronaldinho e Vanderlei Luxemburgo se abraçaram.
- A grande magia do futebol é que tudo muda em 90 minutos. Quem estava sendo criticado passa a ser elogiado – afirmou Vanderlei depois da partida, sem citar nominalmente Ronaldinho.
A frase, porém, resume bem o momento e o carrosel de emoções do camisa 10.
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