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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Assaf: 'Chegada de Zico é última cartada do Fla'

Colunista comenta o retorno do Galinho ao Rubro-Negro da Gávea
Roberto Assaf
Roberto Assaf RIO DE JANEIRO
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A exemplo de Diego Maradona na Seleção Argentina, e no caso sem guardar as devidas proporções, dada a grandeza do Flamengo, Zico despe a pele de quem está muito acima do bem e do mal, tal a sua história no clube, e assume um cargo que o deixará exposto a elogios e principalmente a críticas. Sim, pois Zico está farto de saber que se o seu trabalho não trouxer resultados em um curto prazo ele se tornará alvo da paixão que costuma ser parte inseparável do torcedor rubro-negro.
Ninguém se casa pensando em divórcio. Logo, ao tomar tal atitude, o Galinho está sobretudo confiando no seu taco, com base no que aprendeu como craque, como técnico e no largo conhecimento que tem de Flamengo, incluindo nesse último item o que há de melhor e de pior na Gávea, notadamente a eterna efervescência política, que costuma atrapalhar e às vezes até a derrubar gente de dentro e de fora do campo, incluindo os vencedores.
Haverá, é claro, uma paciência muito maior com Zico. O seu passado lhe confere um status formidável. Além disso, ele chegará carregando consigo, vale ressaltar, os conceitos que imperavam nos tempos em que integrou o maior time da história do clube, no período entre 1978 e 1983. Assim, acredita-se que a freqüente soberba rubro-negra, que em tantas ocasiões derrotou o Flamengo antes de pisar o gramado, e mais, as indisciplinas que tornam o departamento de futebol uma autêntica casa da mãe Joana, deverão desaparecer.
Parece, aliás, que o acerto com Zico passa em primeiro plano exatamente por aí, ou seja, pôr um ídolo intocável, exemplo como esportista e como cidadão, num cargo executivo, com o objetivo de jogar para escanteio os que têm por hábito tumultuar o ambiente. A chegada de Zico a essa posição soa sobretudo como uma espécie de última cartada para estabelecer a ordem e o progresso num espaço em que essas duas regras de conduta nunca conviveram em harmonia.
O Galinho, por ora, deixa de ser Deus como rubro-negro, para se arriscar como homem comum. Que tenha um voto de confiança de todos os rubro-negros e toda a sorte do mundo nessa sua nova empreitada.

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