Engenhão em êxtase: torcida abraça o Fla e ganha aplausos dos jogadores
Quase 40 mil pessoas empurram o Rubro-Negro na luta contra o rebaixamento. Time derrota o Guarani e respira no Brasileiro
Eles foram. Muitos deles. Faltou muita gente, é verdade, até porque o Engenhão não consegue abrigar uma nação. Não foi a decisão que os torcedores rubro-negros esperavam. Afinal de contas, o Flamengo ainda exibe no peito o escudo de campeão brasileiro. O time andava devendo, mas era preciso apoiar, independentemente da posição na tabela, da necessidade, do contexto. Foi assim do início ao fim, embora tenham passado alguns sustos. A vitória por 2 a 1 acalma, alivia o clima. A equipe está com 43 pontos, em 13º, seis à frente do Z-4.
Aquele frio no estômago, à espera do apito inicial, passou logo, logo. Passou nos pés de Renato, aos dois minutos. O camisa 11 teve a chance de cobrar uma falta da entrada da área. Especialidade da casa. Quem esperava força, ficou surpreso. Renato colocou a bola no ângulo. Se havia chance de defesa, o goleiro Emerson não vai poder dizer. O Engenhão ganhou cara de Maracanã, explodiu em alegria.
Jogo do Flamengo tem de ter emoção, suspense, aquele clima tenso. Aos 12 minutos, Baiano cobrou falta da ponta esquerda. Bola fechada, marota. Um desvio no chão enganou Marcelo Lomba, que aceitou. Os rubro-negros não o perdoaram. A cada toque na bola, a cada cobrança de tiro de meta, o goleiro era vaiado. O clima ficou pesado. Expressões preocupadas, xingamentos, drama.
A vitória rubro-negra começou com uma má notícia. Deivid machucou o tornozelo direito e teve de ser substituído, aos 21. Diego Maurício foi chamado por Vanderlei Luxemburgo. O garoto recebeu apoio, botou os zagueiros do Bugre para correr, brilhou. Aos 33, Diogo arrancou pelo meio empurrado por quase 40 mil pessoas. A bola sobrou para Diego, que fuzilou Emerson. Festa sem tamanho.
- Estou sofrendo muito com esse time. A torcida compareceu, abraçou o Flamengo – afirmou o torcedor Fábio Benevides, ainda preocupado.
Fábio levou o filho Guilherme a um jogo do Flamengo pela primeira vez. Aos quatro anos, o garotinho em muitos momentos parecia tentar acalmar o pai, prestes a explodir de tanta apreensão.
- Ele ainda não entende o que se passa com o time, mas sofre junto comigo. Ele gosta, pula, grita, canta o hino (risos) – comentou o pai, no intervalo do jogo.
O segundo tempo foi de ainda mais apoio. Três pontos não poderiam ser desperdiçados. Os jogadores sentiram o “empurrão”, tentaram de todas as formas ampliar o placar, tornar o resultado mais tranquilo. Pet entrou e foi guerreiro, apesar de não ter o fôlego dos bons tempos. Ele, definitivamente, tem um lugar especial no coração dos rubro-negros. O terceiro gol não saiu, mas seria detalhe. Foi um reencontro digno de Flamengo, digno de uma torcida que alimenta uma paixão sem tamanho. Pazes feitas.
A luta é contra o rebaixamento, mas a vitória teve cara de conquista de título. No apito final, muitos jogadores se ajoelharam no gramado. Praticamente todos partiram na direção das arquibancadas para aplaudir, agradecer, jogar as camisas.
- A equipe batalhou e todos estão de parabéns. Ainda restam dois jogos para acabarmos de forma digna o campeonato. Essa torcida, quando mais precisamos, esteve conosco – disse o capitão Léo Moura.
Nas arquibancadas, houve desabafo.
- Ôoooo, Segunda é o c......! – cantaram os rubro-negros.
O Flamengo não joga mais no Rio neste Brasileirão. O próximo jogo será contra o Cruzeiro, em Volta Redonda, no Raulino de Oliveira. Na última rodada, em 5 de dezembro, a equipe enfrentará o Santos, na Vila Belmiro.
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