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sábado, 20 de novembro de 2010

Fla busca novo herói contra a queda


Assim como em anos anteriores, Rubro-Negro espera que um boa e iluminada alma apareça para ajudar o time a continuar na elite



montagem Flamengo Obina Juan Felipe Melo RomaObina, Juan, Felipe Melo e Roma já salvaram o Fla
da Série B (Editoria de Arte/GLOBOESPORTE.COM)
Títulos e sustos. Na última década, não foram poucas as vezes que os rubro-negros acompanharam as rodadas derradeiras do Brasileirão com o coração aos pulos. Para o bem e para o mal. Se em 2009 o sofrimento transformou-se em euforia com a conquista do título, em outras ocasiões serviu de lição. Uma lição que o Rubro-Negro insiste em não aprender. A atual temporada mostra bem. A três rodadas do fim do Nacional, o time ainda não está livre do risco de rebaixamento. Neste sábado, enfrenta o Guarani, concorrente direto, no Engenhão, às 19h30m (de Brasília), em uma decisão às avessas. Vitória praticamente resolve a vida do Fla. Empate ou derrota aumentam o sofrimento. As equipes estão próximas na tabela. Os cariocas estão em 14º, com 40 pontos, apenas três a mais que o Bugre.
Fato é que o Flamengo precisa de heróis. Heróis antiqueda. Um que seja. Alguém que, assim como em 2001, 2002, 2004 e 2005, apareça para evitar que o clube manche sua história. Sobram candidatos no grupo atual. Mais velhos, mais novos, crias do clube, artilheiros em dívida. Para inspirá-los, o GLOBOESPORTE.COM relembra a história de alguns dos salvadores que passaram pela Gávea.
Em 2001, Felipe Melo, Juan e Roma aparecem
Naquele ano, o Flamengo conquistara o tricampeonato carioca, a Copa dos Campeões, que garantiu a vaga na Libetadores do ano seguinte, chegou à final da Copa Mercosul (perdeu para o San Lorenzo-ARG), mas no Brasileiro foi muito mal. Conseguiu evitar a queda para a Segunda Divisão por pouco. Na classificação final, foi o primeiro time fora da zona de rebaixamento. Em 27 jogos, fez 29 pontos, só dois a mais que o Santa Cruz.
A fuga teve dois momentos importantes. Ambos passaram por Juiz de Fora-MG. O mais marcante foi a vitória por 2 a 0 na última rodada, com gols de Juan e Roma(veja o primeiro vídeo). Duas rodadas antes, em 18 de novembro, um desconhecido de 18 anos, cria da base, viveu dia de herói. Contra o Internacional, Felipe Melo, na época considerado um meia ofensivo, fez o único gol do jogo, de cabeça. Com um detalhe: Carlos Alberto Torres, técnico do clube na ocasião, simplesmente não o conhecia. Foi Clemer, reserva do goleiro Julio César, quem indicou Felipe ao treinador (veja o segundo vídeo).
- Eu tinha jogado um ou dois jogos com o Zagallo. Ele saiu e entrou o Torres, que não conhecia bem o time, principalmente os mais jovens. O empate era ruim para o Flamengo, que estava com muito medo de jogar. Foi quando o Clemer me chamou no banco de reservas para eu entrar no jogo. A primeira bola eu nem consegui dominar, de tão nervoso. A emoção de torcedor falava mais alto. Aí veio o escanteio, que o Pet cobrou. Eu subi atrás do Juan e me lembro até hoje da bola entrando no cantinho. No dia seguinte, estava em todas as capas de jornais - relembra o jogador do Juventus.
Não é apenas a cabeçada que continua viva na memória de Felipe Melo. A tensão da semana do jogo também é inesquecível.
- Quando chegamos a Juiz de Fora, dois torcedores entraram no ônibus e queriam bater no Pet. Em uma entrevista, ele tinha falado que não seria vergonha se o Flamengo caísse. Aquilo deixou o clima muito pesado, até para os mais experientes. Você via no rosto de cada um que a pressão era grande, todos apavorados - conta Felipe, que aposta em Deivid como o herói rubro-negro em 2010.
- Apesar de não viver um bom momento, pode salvar o Flamengo. Ele jogou comigo no Cruzeiro, em 2003, sei do que ele é capaz. É difícil ver o Flamengo, uma potência do futebol, na situação em que está. É um time que nunca poderia brigar para não cair. Mas confio muito no Flamengo, no trabalho do Luxemburgo, e na Patrícia, que é uma presidente que vive o Flamengo.
Liédson é o destaque de 2002
O clube vivia um momento de crise política. Edmundo dos Santos Silva fora afastado da presidência acusado, por exemplo, de improbidade administrativa. Sem dinheiro para manter os caros times montados naquela gestão, deu-se início a uma péssima fase no futebol rubro-negro, com nomes como Wendel, Messias, Rubens e Sandro Hiroshi.

Duas vitórias e dois empates livraram o Flamengo da zona de rebaixamento na reta final. O time derrotou Botafogo e Portuguesa e empatou com Palmeiras e Guarani. Não houve um herói, o tal salvador, mas o atacante Liédson, artilheiro da equipe na temporada, com 15 gols, foi o destaque. Nos momentos decisivos, os laterais Alessando e Athirson e o atacante Zé Carlos fizeram gols importantes. Na disputa com 24 clubes, a equipe terminou em 18º, três pontos à frente do Z-4.
2004: alívio e polêmica na comemoração de Felipe
O Rubro-Negro passou boa parte do campeonato na zona do rebaixamento e só conseguiu se livrar no último jogo, com uma goleada por 6 a 2 sobre o Cruzeiro, no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Era o segundo ano da fórmula por pontos corridos. Na partida decisiva, André Bahia, duas vezes, Ibson, Wheliton, Athirson e Felipe marcaram. Este último causou polêmica ao jogar a camisa para o alto na comemoração. Em 2010, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, disse apenas que extravasou ao fazer o gol mais bonito da carreira. A equipe terminou em 17º, com quatro pontos de vantagem para a área de risco.
2005: o Anjo Negro de Joel
O Rubro-Negro fez uma campanha muito ruim no Campeonato Brasileiro. A nove rodadas do fim, ocupava uma posição delicada. Até que o técnico Joel Santana, hoje no Botafogo, foi contratado para salvar a equipe. Em nove partidas, foram seis vitórias e três empates, com aproveitamento de 77,78%. Um gol de Obina, aos 43 minutos do segundo tempo do jogo contra o Paraná, fora de casa, livrou o clube da Série B. Se serve de inspiração, o gol do Anjo Negro foi marcado em 20 de novembro de 2005, exatamente a mesma data do jogo do Fla contra o Guarani, neste sábado.
- Foi um momento muito difícil para nós no campeonato, um momento em que, se a gente perdesse aquele jogo, poderia até descer para a Segunda Divisão. Faltando cinco minutos, o Joel me chamou e eu consegui fazer o gol. Para mim foi marcante e o torcedor lembra disso até hoje. Depois daquele gol, virei um dos xodós da torcida – disse o atacante, hoje no Atlético-MG.
Outros nomes importantes daquela campanha foram o lateral-direito Léo Moura, capitão do time atualmente, e o meia Renato, artilheiro da equipe na temporada com 14 gols, 12 deles no Nacional. Além deles, o atacante paraguaio César Ramírez, o El Tigre, ajudou. Na reta final, fez o gol da vitória sobre o Palmeiras, por 1 a 0, no Palestra Itália, e dois no triunfo por 3 a 0 sobre o Fortaleza, no Rio. No campeonato com 22 clubes, o Fla terminou em 15º, com 55 pontos.
Os candidatos a herói de 2010
Léo Moura
Dos hexacampeões, é um dos poucos que mantiveram a boa fase. Virou capitão da equipe e recentemente completou 300 jogos no clube. Léo tem identificação com a torcida e de vez em quando faz seus gols.

Ronaldo Angelim
Treino do Flamengo - Ronaldo AngelimAngelim já fez gols de
título no Flamengo
O posto de herói do Flamengo, pelo menos até o fim deste ano, é de Ronaldo Angelim. O gol do título do Brasileirão da temporada passada, na última rodada do campeonato, é histórico, deu fim ao jejum de 17 anos. O Magro de Aço é sempre uma boa arma na jogada aérea.
Renato
Aos 32 anos e após três temporadas nos Emirados Árabes, o apoiador mudou o estilo. Não tem o mesmo vigor físico de 2005, mas ganhou experiência e continua fazendo seus gols de falta. Tenta, novamente, ajudar o Flamengo a permanecer na Primeira Divisão.
Diogo
diogo no treino do flamengoDiogo diz que é hora
de desencantar
Em 15 jogos, apenas um gol. Diogo reconhece que está em dívida com a torcida do Flamengo. Tem sido um dos jogadores mais cobrados por Vanderlei Luxemburgo nos treinos. “É a hora de desencantar", afirmou.
Deivid
Deivid sentiu o ritmo na volta ao Brasil, depois  de cinco anos na Europa, e só balançou as redes quatro vezes em 16 partidas. Como os artilheiros não esquecem o caminho do gol, há esperança de que ele possa desencantar nas últimas três partidas.
Val Baiano
É o Obina da vez. Já foi vilão, virou xodó depois de fazer três gols, e atualmente disputa uma vaga no ataque.  
Diego Maurício
vanderlei luxemburgo e diego mauricio no treino do flamengoDiego Maurício: base
salvadora?


Assim como Felipe Melo, Roma e Juan, é cria da base rubro-negra. Ponto para ele. É mais uma peça do ataque indefindo de Luxemburgo e será reserva contra o Guarani. Felipe Melo também saiu do banco em 2001 e foi decisivo.



* Colaborou Marco Antônio Astoni

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