Para Juan, livrar Fla do rebaixamento na Série A terá mesmo peso do título
Em entrevista ao "Globo Esporte", jogador diz que queda para a Série B apagaria todas as conquistas do atual grupo rubro-negro
O Flamengo conquistou no ano passado o seu título mais importante dos últimos anos: o Campeonato Brasileiro. Mas em 2010, a situação é outra. O time luta contra o rebaixamento, e o grupo rubro-negro teme que a queda para a Série B apague todas as conquistas que conseguiu.
Em entrevista ao Globo Esporte, o lateral-esquerdo Juan falou sobre a motivação dos jogadores para trazer de vez o alívio para os torcedores nessa reta final. Segundo ele, os problemas por que o clube passou neste ano, principalmente extracampo, atrapalharam bastante.
- As pessoas dizem que o Flamengo tem que ser sempre campeão, e é verdade. Mas diante de tudo o que aconteceu neste ano, se a gente conseguir se manter na Primeira Divisão vai ser tão importante quanto o título do ano passado. Porque se o Flamengo cai, ia ficar uma mancha muito grande e negativa na história do clube. Uma mancha que ia para a gente também.
Juan também comentou outros assuntos, como o caso Bruno, a negociação para a renovação de contrato e sobre seu temperamento. Confira abaixo:
Relação com mistura de glória e vaias desde 2006
"A torcida do Flamengo não suporta um dia que você está mal, ela não entende. Quer que você entre em campo e dê o máximo sempre, todo jogo, independente de onde for, o campeonato... Você tem que estar no seu limite. E às vezes é normal dar uma oscilada em um dia que você não está tão bem. Aí a cobrança vem, e vem forte por ser Flamengo. Mas acho que a vontade e o orgulho que eu tenho fossem se renovando e transformando isso em motivação. Acho que aí sim eu consegui conquistar a confiança do torcedor. Com certeza é o clube que tive mais identificação, o clube que mais tive prazer em defender. E acho que foi o time em que mais consegui atingir meus objetivos, onde cheguei à Seleção, conquistei um título nacional. Então realmente é um clube que marcou minha carreira e com certeza um dia, quando eu sair, quando parar de jogar, me tornarei um torcedor do Flamengo".
Fase ruim em 2010
"Passei momento complicado de duas contusões complicadas que demoraram (a curar). Mas estou sempre me cobrando, que eu esteja melhor, mas que o principal da diferença daquele Juan de dois anos atrás é que a forma de jogar é diferente. Hoje, a minha função principal é marcar, fechar os espaços da defesa. E antes não era assim. Antes eu estava atacando toda hora, chegando à área adversária. Talvez por causa disso o torcedor esteja estranhando minha forma de jogar. Poderia estar pensando mais em mim, só atacando e deixando espaços na defesa, mas acho que isso não seria o melhor para o time. Fiz jogos machucados, e isso acabou atrapalhando o rendimento. Isso deixa você um pouco abatido. E esse ano, pela situação do Flamengo, um clube que não pode estar ali brigando para não cair, e também por toda as nossas conquistas, eu estava preocupado".
Temperamento e cara fechada pela manhã
"Não sou (bravo), não (risos). De manhã é a hora do sono, então acabo querendo ficando quieto. Tenho procurado melhorar isso aí, já melhorou bastante em relação ao que era. Porque no começo realmente era brabo. Era muito sono, ficava na minha, quieto. Um pouco até afastado. Está ali, mas não está ali. Está só o corpo. Foi uma coisa que tentei melhorar, que eu percebi que incomodava algumas pessoas. Tenho melhorado e vou continuar melhorando.
Desentendimento com o Toró
"Foi cobrança dentro de campo, coisa de jogo, acabou saindo um pouco (do normal). Com o passar do tempo, a gente foi voltando a se falar. A situação me incomodava, nunca fui de ter desentendimento com companheiro de time a ponto de não se falar. Convivência, rotina... A gente foi voltando a se falar e acabou fechando com o título do Brasileiro, com a comemoração. Acho que foi legal, principalmente do meu lado de que não ficou mágoa, rancor, dele também espero que não. Problema sempre vai ter, mas o importante é saber entender e ficar tudo bem".
Desentendimento com o Renato no sábado
"Os dois têm sangue quente, foi uma cobrança de jogo, nada de mais. Até a amizade que temos permite algo maior. No vestiário já estava tudo bem, tenho admiração grande por ele".
Renovação
"Estou bem tranquilo, bem motivado para tirar o Flamengo dessa situação. Tenho as coisas bem definidas na minha cabeça, de como sou como profissional e o que eu quero para a minha carreira. Estou bem tranquilo, bem motivado para vestir a camisa do Flamengo. Com certeza vai ser o maior prazer renovar, mas o foco agora é tirar o time dessa situação".
Problemas em 2010 depois do título brasileiro
"Teve muito problema fora de campo, isso de certa forma atrapalha no geral. As coisas até inconscientemente acabam influenciando dentro de campo e realmente foi complicado, difícil. A gente tem que saber entender o momento e saber que esse não rebaixamento é uma vitória muito grande. As pessoas dizem que o Flamengo tem que ser sempre campeão, e é verdade. Mas diante de tudo o que aconteceu neste ano, se a gente conseguir se manter na Primeira Divisão vai ser tão importante quanto o título do ano passado. Porque se o Flamengo cai, ia ficar uma mancha muito grande e negativa na história do clube. Uma mancha que ia para a gente também, para todos que estão no clube, e não ia conseguir apagar isso. Tudo o que a gente fez ia ser esquecido e seria um grupo marcado por ter rebaixado o Flamengo".
Caso Bruno
"Vi tudo com muita tristeza. Sair de onde ele saiu e ter chegado onde chegou, com todas essas conquistas, ídolo da torcida... Tinha uma amizade legal com ele. A gente conversava muito, sempre almoçava e jantava junto nas concentrações. Nunca tinha acontecido nada parecido comigo. Fico pensando por que aconteceu. Apesar de algumas coisas que fazia, sempre demonstrou ser uma pessoa de bom coração, estava disposto a ajudar as pessoas mais necessitadas, ajudava as pessoas da cidade dele. Então, me surpreendeu muito, me deixou triste. A carreira dele pode ser que acabe dessa maneira. Então, a gente fica sem saber o que fazer, o que pensar. Tinha tudo para disputar uma vaga na Seleção, é acima da média. Nunca mais falei com ele. Queria ter visitado, mas o fato de estar em Minas fica mais complicado. Gostaria de dar apoio a ele, passar uma força, dizer que a gente está pensando nele, está torcendo que a coisa se resolva da melhor maneira possível, pois é uma grande pessoa, conviveu com a gente por muito tempo. Que a gente não esqueceu dele e que está com ele".
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