A verdade sobre a negociação do Sheik com o Flamengo
Autor do gol que garantiu o título brasileiro ao Fluminense, Emerson tinha prestígio, praia particular, milhões de dólares, pouca cobrança. Mas faltava a felicidade, a proximidade dos amigos. Arrependia-se de ter largado o Flamengo no meio do Brasileirão de 2009 para seguir para o Al Ain seduzido pela proposta de R$ 17 milhões por 22 meses. Por lá, fez gols importantes. Mas o ambiente não era tão favorável. Os outros dois sul-americanos do time – o argentino Sand e o chileno Valdivia – fecharam-se numa panela que discriminava o brasileiro.
Em janeiro, o Sheik decidiu que voltaria definitivamente ao Brasil assim que a temporada local terminasse, em maio. O Inter abriu as portas. O clube tinha como técnico Jorge Fossati, que o comandara no Al-Sadd, do Qatar. Houve sondagens também do São Paulo e do Cruzeiro.
Mas um problema particular tornava o Rio de Janeiro o destino preferido, e o Flamengo o time quase obrigatório. Sheik deu quase uma dezena de entrevistas afirmando a prioridade ao Rubro-Negro. Sem diretoria de futebol, o clube demorou a se mexer.
Àquela altura, o presidente da Unimed, Celso Barros, procurara o empresário Reinaldo Pitta e fizera uma proposta perto dos R$ 300 mil por mês, mais o pagamento da multa que o Al Ain estipulou para liberá-lo um ano antes de o contrato terminar.
Diante da pressão da torcida, a presidente Patrícia Amorim pediu o telefone do jogador a torcedores. A negociação foi conduzida pelo diretor amador Carlos Peixoto, posteriormente afastado a pedido de Zico. O Galinho, aliás, apesar de nomeado diretor-executivo no fim de maio participou da negociação.
No dia 13 de junho, Emerson recebeu Peixoto em sua casa, na Barra da Tijuca. Reinaldo Pitta não foi avisado do encontro. A oferta do Flamengo era de R$ 200 mil por mês. O jogador pretendia fechar por R$ 230 mil. Faltava o pagamento da multa. Sheik propôs quitar com verba própria e receber em duas ou três parcelas. A contraproposta do Flamengo foi desanimadora. O clube queria devolver o valor (cerca de R$ 1,3 milhão) em dois anos. O atacante ficou indignado e encerrou a negociação.
Desiludido com a postura do Flamengo, Emerson foi ao apartamento de Celso Barros no dia seguinte. O presidente da Unimed o recebeu com um copo de uísque nas mãos. Entre um gole e outro, reafirmou a proposta feita anteriormente. Pegou o telefone, autorizou o pagamento da multa rescisória e garantiu ali a presença do herói do título brasileiro de 2010. Histórias do mundo da bola!
(colaborou Eduardo Peixoto)
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