Luxemburgo exalta título da nova era do Flamengo
No dia seguinte ao título estadual, técnico está otimista, mas sabe que o Fla ainda precisa de reforços para se tornar competitivoBruno Braga
Com a certeza de que o início do trabalho não poderia ser melhor, mas que o time do Flamengo ainda tem de evoluir na temporada para se tornar competitivo, o técnico Vanderlei Luxemburgo concedeu uma entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, no dia seguinte ao quinto título Estadual invicto, num hotel na Barra da Tijuca, para explicar o bom momento e expor as diretrizes do time para as competições em curso e as que estão por vir.
- Foi muito importante para essa nova era o Flamengo ter conquistado esse título. Não estamos mais na era da Gávea, mas na do Ninho do Urubu. Da criação para uma estrutura para dar condições mínimas de os jogadores trabalharem. Desde que eu cheguei ao Flamengo trabalhamos lá no Ninho. Com uma ideia inicial do Zico. Criamos uma pequena estrutura para desenvolver o trabalho. Esse título precoce num momento que vai ficar marcado muito no Flamengo. É um início de uma estrutura profissional para que possamos desenvolver um bom futebol. É um momento nobre, vai ser um marco na histórico - explicou o treinador.
FELIPE
Precisávamos de um goleiro, e ele se encaixava naquilo que eu penso para um goleiro. A bola do jogo tem de ser dele. Ele já tinha uma história que eu conhecia no Corinthians. Houve uma resistência do clube, da Patricia (Amorim) e do Michel (Levy). Mas a gestão do futebol pertence ao Luxemburgo. Quem define quem vem ou não é a comissão técnica, o Luiz Augusto (Veloso), o IsaÍas Tinoco. Cabe a nos decidirmos quem vem. Se não, não precisariam me contratar. O Felipe era importante para o projeto e explicamos para ele. E ele está mostrando que é um grande goleiro. O Flamengo está sendo muito bom para ele. Ele estava esquecidinho lá em Portugal. Está sendo uma troca.
FELIPE, THIAGO NEVES E R10 NA SELEÇÃO
Isso só pertence a eles. Temos de criar uma estrutura. A nossa equipe não está pronta. É uma equipe que está sendo construída. Tem equipes que estão à frente. Temos de melhorar a nossa equipe. Temos a Copa do Brasil. O Cruzeiro está à nossa frente, o Internacional, o São Paulo. Eles têm um trabalho de seis, sete anos. Temos de caminhar mais rapidamento do que eles. Mas só vai depender deles para chegar à Seleção. Temos de fazer mais ações. Mas não é que este grupo não possa ganhar, mas temos de enriquecer essa equipe um pouco mais para podermos melhorar no segundo semestre.
TORCEDOR
Nunca escondi que eu sou flamenguista. Acho que não tem nada a ver uma coisa com a outra. Sou profissional e já ganhei dois títulos contra o Flamengo. Mas o Flamengo jogando contra qualquer clube eu sou Flamengo. Trabalhando no Flamengo, junta o lado profissional com o torcedor. Mas espero não ganhar mais sobre o Flamengo.
THIAGO NEVES
Ainda não mostrou tudo. Ainda tem espaço para crescer. Conhecemos o Thiago Neves no Fluminense, era um jogador mais agudo e frequente na entrada da área. Tem de ajustar mais a marcação e tem de chegar à frente. Tenho de usar estes jogadores talentosos. Isso requer tempo para eles entenderem a hora certa para um avançar e outro segurar.
DECISÃO POR PÊNALTIS
O mais importante não é o batedor. A história nos pênaltis mostra que os grandes bastedores geralmente perderam. O Zico perdeu pênalti. O Julio Cesar. O segredo é o goleiro. O Dida, o Bruno e o Felipe são grande pegadores. O adversário sabe que tem de tirar um pouco mais porque se bobear ele perde. E tirar mais dificulta e pode jogar a bola para fora. Mas é sempre difícil. O Diego Maurício não treina pênalti e fez o gol que nos classificou contra o Fluminense.
ESTRUTURA
Nas minhas duas passagens por aqui tive muita briga porque eu sou profissional de futebol. E vou sempre brigar por aquilo que é certo. Na primeira passagem tinham prêmios atrasados, salários, tinha que pagar passagem, apartamento. Briguei porque faltava até bola para treinar. Em 95 teve aquela confusão com o Romário. Um clube como o Flamengo não pode ficar refém de um jogador. O jogador tem de entender as cobraças e o que é o Flamengo. Nos outros clubes de menor investimento, tem CT e o Flamengo não tem. Eu já sou técnico há muito tempo e quero criar uma estrutura. Contratamentos uma empresa e lá no Ninho já tem dormitórios para 40 pessoas, refeitório, departamento médico, auditório . Isso existe, por enquanto é provisório, mas vai começar a estrutura definitiva.
ANO VENCEDOR PARA O FUTEBOL CARIOCA
O Flamengo, Fluminense e o Vasco têm história. Ganhar campeonato pode ganhar, mas isso não quer dizer que tem uma estrutura. Pode montar bons times, mas é um castelo de areia. Tem de se manter em alto nível, como estão o Internacional, São Paulo e Cruzeiro.Tem de participar da Libertadores como acontece com a Liga dos Campeões na Europa. O Rio vai vencer, São Paulo estava com a hegemonia. Só depende do Rio pegar esse momento e criar uma infraestrurua para sustentar títulos por mais tempo.
O próprio Fluminense está à nossa frente. Tanto que foi campeão brasileiro. Uma derrota amadurece. O Fluminense teve de ganhar muitos jogos na zona rebaixmaneto e saiu no último jogo, se eu não me engano. Isso faz parte. O Flamengo passou um momento difícil. Na degola o tempo todo e este ano precisou acontecer algumas coisas para esse ano melhorar.
VENCE, MAS NÃO CONVENCE
Convivo muito bem e procuro mostrar que a opinião externa tem um interesse diferente. Eu me preparei um pouco mais e consigo entender melhor essa competição com os analistas. Para eles não fiz uma sibstituição boa, fica uma discussão eterna. Há vários técnicos. Isso faz parte da minha vida e eu passei a entender. Procuro mostrar como funcioona e procuro mostrar que o que prevalece é o pensamento de cada um. É entrar em campo e jogar bola. Não pode ficar preocupar com opiniões. Tem de ter respeito com o cidadão.
SUBSTITUIÇÃO DE BOTTINELLI
Ontem (domingo) teve uma história legal. O Bottinelli estava jogando mais que o Thiago e o Ronaldinho. Tecnicamente e taticamente. O Vasco jogou em cima do Alvim com o Eder abrindo pelo lado direito. Coloquei o Dario para ajudar ali. No segundo tempo, mudou de lado. Passaram a jogar nas costas do Galhardo, que estava cansado. Tirei o Dario. Vale a experiência nestes momentos. O Ronaldinho, o Thiago Neves, o Vasco conhece e sente intimidado, porque um jogador pode decidir em um lance. Isso faz a diferença. Não se tira um jogador talentoso do jogo. Se eu tiro eles, o Vasco cresce, porque não tem ninguém para incomodar. Perdi um jogo assim, contra o Juventus. Tirei o Zidane e o Ronaldo. Os dois vinham de lesão. A partir deste momento, o Capello jogou para cima de mim. Aconteceu no Barcelona e Real Madrid. O Mourinho colocou o time para jogar com três volantes jogando no Bernabéu. Fez uma lambança para lá de metro. Mas se fosse o Luxemburgo... Essa é a explicação de ter tirar o Dario.
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