Polícia de Minas decidirá sobre prisões no caso Eliza, diz delegado
Felipe Ettore não quis dar detalhes sobre depoimento de menor.
Jovem disse que participou do sequestro e agrediu a ex-namorada de Bruno
"Mandamos o depoimento para Minas e fizemos o pedido de apreensão do menor. O pedido de prisão de qualquer pessoa sairá pela polícia de Minas, que está comandando a investigação. Estamos aguardando as diligências a serem feitas, se eles acharem que devem fazer alguma", disse o delegado.
Ettore não quis dar detalhes sobre o caso à imprensa, nem comentou o depoimento do menor que foi ouvido por mais de 7 horas nesta terça-feira (6) na DH do Rio. "Não tenho conhecimento do inquérito como um todo e não posso falar sobre isso", completou o delegado.
Para o promotor de Justiça Homero das Neves, a versão do menor é "crível e razóavel". Homero deixou o prédio da Divisão de Homicídios do Rio pouco depois das 22h, após acompanhar o depoimento do jovem à polícia.
Segundo o promotor, o menor foi detido pelo crime de sequestro e encaminhado para a Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA). O pedido de apreensão ainda deve ser examinado pelo plantão do Juizado de Menores. Um carro levando uma pessoa coberta com um pano foi visto deixando a DH nesta noite.
Mais cedo, um inspetor da DH do Rio que acompanhou o depoimento informou que há vários pontos controversos no depoimento do menor.
Em depoimento, o menor teria confirmado que a ex-namorada do atleta do Flamengo estaria morta. Ele, no entanto, não teria dito como isso aconteceu. Segundo o policial, o menor disse também que sequestrou e deu uma coronhada na cabeça da jovem, que ficou desacordada, mas não teria morrido em decorrência da agressão. Eliza está desaparecida desde o início de junho.
A arma usada na agressão seria uma pistola e pertenceria a um amigo de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, conhecido como Macarrão. Na versão do menor, Eliza saiu de carro junto com Macarrão. O adolescente estaria escondido no carro e teria agredido Eliza depois de uma discussão entre ela e Macarrão. O inspetor disse que o menor não envolveu Bruno no ocorrido, mas confirmou que o filho que seria dos dois estaria no carro junto com a mãe.
O advogado Erico Quaresma Firpe, que defende Macarrão, contestou a versão do menor e disse que seu cliente não tem arma. Para ele, a ação da polícia foi irregular. "O depoimento do menor, juridicamente falando, é desperdiçar papel. Não tem validade", falou.
Denúncia
Um dos advogados do escritório que defende o goleiro Bruno, Monclar Gama, esteve mais cedo na Divisão de Homicídios para ver como estava o menor. O advogado disse, ao sair da delegacia, que não teve acesso ao depoimento prestado pelo adolescente. Ele afirmou também que Bruno estava na casa no momento em que a polícia chegou para levar o menor, e recebeu os agentes. Segundo Gama, o menor permanece na delegacia, acompanhado de um tio.
O delegado Rafael Willis, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), informou, em entrevista à Rádio Tupi, que um parente do jovem foi à delegacia, contou que o menor estaria na casa do goleiro e tinha informações sobre o caso. A polícia teria chegado ao adolescente após essa informação.
A assessoria do Disque-Denúncia confirmou que recebeu uma ligação com informações que também ajudaram a localizar o menor na casa de Bruno.
Bruno será ouvido
Em Minas Gerais, a Polícia Civil informou que é responsável pelas investigações do desaparecimento de Eliza Samudio e que acompanha o que está acontendo no Rio de Janeiro.
O delegado Edson Moreira afirmou, mais cedo, que está negociando com os advogados do goleiro Bruno para que ele seja ouvido na sexta-feira (9) ou na semana que vem. O depoimento deve acontecer em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro. Além de Bruno, pelo menos outras duas pessoas devem ser ouvidas no mesmo prazo. São elas: a mulher do goleiro, Dayanne, e um amigo conhecido como Macarrão.
Nesta tarde, os bombeiros voltaram ao entorno da Lagoa Suja, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a equipe que esteve no local, não foram encontradas pistas. Na segunda (5), a polícia recebeu uma denúncia de que o corpo da jovem foi jogado nessa lagoa e os bombeiros já haviam realizado buscas no local, sem sucesso.
Havia uma previsão de buscas na Lagoa dos Tocos, que fica na mesma região, mas esse trabalho não aconteceu.
Outro depoimento
Na manhã desta terça-feira, a mãe de criação de Bruno foi ouvida em casa, em Ribeirão das Neves. A conversa foi mantida em sigilo. Ela não precisou ir até a delegacia devido à idade avançada.
Pelo menos 30 pessoas já prestaram depoimento. A Polícia Civil deve enviar um representante nos próximos dias a São Paulo para recolher o material que está no notebook de Eliza.
Entenda o caso
De acordo com a polícia, o sumiço de Eliza Samudio começou a ser investigado depois de denúncias de que ela havia sido agredida no sítio que pertence ao jogador Bruno, em Esmeraldas (MG).
Dayane Fernandes, mulher do goleiro Bruno, teria dito, em depoimento à polícia, que Eliza teria abandonado o bebê. A criança foi encontrada pela polícia na casa de desconhecidos e foi entregue ao avô, pai de Eliza, em 27 de junho.
Dayane chegou a ser levada à delegacia na sexta-feira, 25 de junho. Ela foi detida e liberada em seguida. Segundo a delegada, a mulher do atleta foi autuada por subtração de incapaz.
Na segunda-feira passada, 28 de junho, a polícia vasculhou o sítio do goleiro Bruno, por mais de nove horas. Policiais e peritos fizeram escavações e vistoriaram o sótão, onde encontraram roupas de mulher, objetos de criança, fraldas e passagens aéreas. Um poço também foi vasculhado. A polícia já ouviu funcionários do sítio de Bruno e amigas de Eliza.
O Flamengo anunciou que o goleiro permanece afastado do time durante as investigações. Em 1º de julho, ele disse que estava "muito chateado" com o sumiço de Eliza. O atleta ainda não foi chamado para depor.
0 comentários:
Postar um comentário