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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fla das apostas: Advaldo, Arthuro, Aleílson... até chegar a Borja


Colombiano vira símbolo da fase ruim do Flamengo. Clube tem contratações pitorescas no histórico recente

Por Eduardo PeixotoDireto de Goiânia
borja flamengo chicão corinthiansBorja em ação pelo Fla no jogo contra o Corinthians
(Foto: Wagner Carmo / Vipcomm)
Cristian Borja: colombiano, alto, com bom porte físico, 23 anos e oito gols no Campeonato Gaúcho. O técnico Rogério Lourenço recebeu a indicação do ex-jogador Bismarck, e o Flamengo aceitou o risco. A aposta virou símbolo do campeão brasileiro desnorteado pela dissolução do Império do Amor.
O gol perdido nos minutos finais do clássico contra o Vasco colou no atacante colombiano o rótulo de que não servia para jogar no Rubro-Negro. As atuações seguintes à estreia também não favoreceram. Para amplificar a questão, o presidente do Caxias, Osvaldo Voges, reclamou na imprensa sobre o atraso nas duas primeiras parcelas do empréstimo de R$ 300 mil e ameaçou levar a questão à Justiça.
Pronto. O nome de Borja virou folclore, motivo de deboche. O atacante esboça uma reação. Nos dois primeiros jogos no sub-23 deixou sua marca. Não deu resposta aos críticos, não xingou ninguém. O estrangeiro é tímido, de poucas palavras. Limita-se a observar e sorrir, meio sem jeito, com as brincadeiras de que é vítima dos companheiros.
Mas, ao apontar o dedo para a chegada de Borja, alguns rubro-negros esquecem-se de reforços tão ou mais questionáveis que aterrissaram no clube desde 2007, ano que marca a ascensão do Flamengo no cenário nacional depois de temporadas de crises e times que lutavam para não cair de divisão.
Falta de uma rede de olheiros facilita apostas condenadas ao fracasso
Voltando pouco, muito pouco, no tempo, nota-se que os “tiros no escuro” são comuns. Em 2009, ano do título brasileiro, o Flamengo trouxe três jogadores de equipes nanicas que disputaram a Copa do Brasil: Alex Cruz, ex-Ivinhema, e Aleílson e Flamel, ex-Águia de Marabá.
O GLOBOESPORTE.COM tentou ouvir o ex-vice de futebol Kleber Leite, responsável pela maioria das tentativas. No entanto, ele preferiu não se pronunciar para evitar ser mal interpretado.
- No Flamengo, o melhor é ficar calado – disse, encerrando a ligação com um pedido de desculpas.
Apostas fazem parte do dia a dia de dirigentes. São dezenas, centenas de ligações de empresários, conselhos de amigos. Sempre há alguém que “descobriu” o novo Ronaldinho. A estrutura arcaica do Flamengo facilita. O clube não dispõe de rede de olheiros, pouco mapeia mercados vizinhos e fica à mercê das tais indicações.
Relembre algumas das estranhas apostas:
Flamel (2009) – O apoiador foi indicado por Cuca após se destacar em um jogo do Águia de Marabá contra o Fluminense. Treinou, não agradou e foi liberado para jogar no Olaria.
Aleílson (2009) – Outro que foi pinçado pelo olho clínico de Cuca após a vitória do Águia de Marabá contra o Fluminense pela Copa do Brasil. Jogou apenas uma vez, mas é lembrado por uma frase curiosa do então diretor de futebol Plínio Serpa Pinto. O Flamengo perdia por 5 a 0 para o Coritiba quando surgiu a solução: “Tem que colocar esse garoto para mudar a partida. É a nossa única chance”. Não era. O Flamengo, com Adriano, Petkovic e Bruno conseguiu o título sem a ajuda de Aleílson. O atacante passou pelo Olaria e foi negociado com o Bahia.
Alex Cruz (2009) – O Flamengo goleou o Ivinhema por 5 a 1, em Campo Grande-MS. Mas a comissão técnica rubro-negra enxergou em Alex Cruz potencial. Ele foi contratado para um período de experiência e seria dispensado. Mas um grupo de jogadores comandado por Adriano armou uma vaquinha para pagar o salário do apoiador. Em um primeiro momento, a diretoria aceitou o que considerou um gesto de nobreza. Diante da repercussão negativa da ideia, clube voltou a pagá-lo. Disputou dois jogos na campanha do título brasileiro. Está no Corumbaense-MS.
Arthuro (2009) – No dia seguinte à eliminação da Copa do Brasil para o Inter, o Flamengo anunciou o centroavante como reserva imediato de Adriano, que não havia estreado. O jogador teve passagem razoável por pequenos times espanhóis e estava no Terek Gozny, da Rússia, antes de ser contratado. Apresentou-se com problemas físicos, deu voltas ao redor do campo e foi dispensado.
Douglas (2009) – Veio junto com Willians do Santo André. O zagueiro fez um gol na campanha do Estadual, se emocionou ao comemorá-lo, mas as poucas oportunidades e uma briga com Cuca o incentivaram a voltar para o ABC paulista.
Fernando (2008) – Kleber Leite o definiu como a joia do futebol do centro-oeste brasileiro e disse que venceu uma disputa com diversos clubes grandes para contratá-lo. O apoiador foi artilheiro da Série C pelo Mixto e custou R$ 100 mil. Entrou apenas no segundo tempo de uma partida e foi emprestado ao Volta Redonda. Atualmente joga no Luverdense-MT.

Fernandão (2008) –
 O atacante grandalhão foi revelado no América-RJ e estava no Maccabi Haifa quando chegou para disputar posição com Vandinho e Josiel. Teve a única chance na última rodada do Brasileiro, contra o Atlético-PR. Bola na pequena área, Fernandão mergulhou livre e... trave. Foi o fim do curto ciclo do centroavante no clube.

Eder (2008) – Em todo treino fazia pelo menos um gol. Ficou conhecido como artilheiro dos coletivos. O desempenho impressionou, e Caio Júnior apostou nele em seis jogos. Em vão. Saiu sem ser notado e atualmente está no Asteras Tripolis, da Grécia.
Hugo Colace (2007/08) – O argentino ficou conhecido pelas visitas às quadras das escolas de samba e por causa das botinadas que deu nos cinco jogos em que participou (dois amarelos e um vermelho). Atualmente está no Barnsley, da Segunda Divisão da Inglaterra.
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Sambueza (2008) – O apoiador, ex-River Plate, até conseguiu algum destaque em um ou dois jogos dos sete que participou. Mas em momento algum foi o camisa 10 que o Flamengo esperava. Joga no Tecos, do México.

Advaldo (2007) – O currículo tinha passagens pelas seleções brasileiras sub-15, 17 e 20. Mas o baiano, revelado pelo Vitória, não deu certo e disputou apenas três jogos no Flamengo. Disputou o Campeonato Baiano pelo Fluminense de Feira de Santana.

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