Conselho Fiscal cria comissão para investigar parceria entre Fla e CFZ
Ex-diretor de futebol do Rubro-Negro, Zico provalmente será convidado a prestar esclarecimentos
Em reunião extraordinária realizada na noite desta terça-feira, o Conselho Fiscal do Flamengo decidiu, por unanimidade, que vai investigar a parceria entre o Rubro-Negro e o CFZ, clube fundado por Zico. Os sete membros eleitos do conselho votaram a favor da criação de uma comissão de inquérito para analisar o contrato (já extinto), que vigorou durante cinco meses e virou o estopim da saída do Galinho do clube, então diretor-executivo de futebol, no início de outubro.
O segundo vice-presidente do Conselho Fiscal, Gonçalo Veronese, vai presidir a comissão, que tem 60 dias (prazo determinado pelo estatuto) para ouvir as partes e apresentar o relatório ao Conselho Deliberativo do clube. Zico provavelmente será convidado a comparecer para prestar esclarecimentos.
- Dois membros da comissão vão decidir quem será chamado e os documentos que serão analisados. As informações são protegidas por sigilo. As pessoas são convidadas a prestar esclarecimentos. Ele (Zico) sempre disse que queria esclarecer o que aconteceu. Talvez fosse o momento. Ele provavelmente será chamado – explicou Veronese.
Nesta segunda-feira, Zico foi procurado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM e não descartou comparecer caso seja convocado. Entretanto, exige uma justificativa.
- Depende. Não tenho obrigação nenhuma de ir. Não fiz contrato pelo Flamengo, não assinei contrato nenhum. Sabia do que se tratava, mas não assinei nada. Se for convocado, tenho de saber o motivo. Uma coisa é ser convocado pela Justiça, outra coisa é pelo clube – afirmou, por telefone.
Zico decidiu deixar o comando do futebol do Flamengo por conta das acusações feitas pelo presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, o Capitão Léo. Ele levantou suspeitas de que o acordo assinado entre o Rubro-Negro e o CFZ (controlado pela empresa MFD), seria lesivo ao Fla. E que Arthur Júnior e Bruno, filhos do ídolo, teriam participação em contratações feitas pelo Flamengo.
Zico foi à Justiça e ingressou com uma ação no 4º Juizado Especial Criminal, no bairro do Leblon (Zona Sul do Rio), em seu nome e dos filhos. Ele acusou Leonardo Ribeiro de calúnia, difamação e injúria (artigos 138, 139 e 140, respectivamente, do Código Penal) e pediu explicações. O presidente do Conselho Fiscal teve de respondê-las e recuou. Entretanto, volta à carga internamente.
Capitão Léo foi o principal desafeto de Zico no tempo em que o ídolo foi diretor de futebol. Sem apresentar provas concretas, dizia que jogadores que eram do CFZ começaram a chegar às categorias de base do Flamengo, ganhando espaço dos atletas que pertenceriam ao Rubro-Negro. Os direitos desses jogadores seriam repartidos, 50% para o fundo de investimentos e 50% para o Fla, o que, segundo ele, causaria prejuízo ao clube no futuro.
1 comentários:
Senhores associados do Clube de Regatas do Flamengo, torcedores, simpatizantes e imprensa livre.
4 de dezembro de 2010 às 15:41A Presidência do Conselho Fiscal vem a público esclarecer os fatos sobre a fiscalização e a sindicância executadas por este Poder sobre os desvios dos DIREITOS ECONÔMICOS dos jogadores de Base do Clube de Regatas do Flamengo para o fundo de investimentos MFD Empreendimentos e Participação LTDA, por intermédio do CFZ - Centro de Futebol ZICO Sociedade Esportiva Ltda., tendo de um lado o até então Diretor de Futebol do Flamengo Arthur Antunes Coimbra e o Presidente do CFZ Bruno de Sá Coimbra.
1- O assunto está sendo conduzido internamente por ser de alta relevância e envolver desvios de 50% do Direitos Econômicos dos jogadores de Base.
2- A Presidência do Conselho Fiscal tem documentos que identificam e COMPROVAM que a intermediação da contratação do jogador RAFAEL LIMA PEREIRA - o Rafinha - foi agenciada pelo representante da MFD, senhor ALAN VICTOR ALMEIDA ARARUNA, empresa parceira do CFZ Sociedade Esportiva, com conhecimento do Senhor Arthur Antunes Coimbra, na época Diretor de Futebol do Flamengo e senhor Bruno de Sá Coimbra, Presidente do CFZ.
3- A cláusula penal para o exterior foi fixada em R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), foco da nossa fiscalização, cujo objetivo é evitar que 50% desse valor seja transferido irregularmente para o Grupo CFZ/MFD.
4- A Presidência do Conselho Fiscal nunca assacou contra a honra dessas pessoas e estranha o fato de que o senhor André Dumbrosck, personagem principal das denúncias veiculadas no Blog do Jornalista Milton Neves, em setembro 2010, não tenha sido interpelado judicialmente pelos que se declararam ofendidos.
5- O Conselho Fiscal ainda não iniciou as fiscalizações sobre as contratações de Cristian Borja, Val Baiano, Leandro Amaral, porém as fará no tempo certo, tendo como base as informações do denunciante, senhor André Dumbrosck.
6- As contratações de Diogo e Deivid, também serão objeto de fiscalização quando do julgamento das contas do exercício 2010.
7- A Presidência do Conselho Fiscal pode, sim, reafirmar que É MUITO ESTRANHO a contratação de jogadores do CFZ pelo Flamengo feitas durante o mandato do Diretor de Futebol e do Presidente do CFZ, tendo esse último firmado arrendamento, parceria ou coisa similar com a MFD.
8- A Presidência do Conselho Fiscal afirma que esse entrelaçamento entre os cargos de Diretor de Futebol do Flamengo, Presidência do CFZ e Gerência da MFD, transferindo Direitos Econômicos do Flamengo para esse grupo de investimento, pode num primeiro momento não ser ilegal, mas, é sim, IMORAL.
9- Sobre as denúncias sobre o caso da Olympikus/Arthur Antunes Coimbra, o Conselho Fiscal fará solicitação ao denunciante, senhor André Dumbrosck, maiores informações sobre o remanejamento e/ou devios das verbas de publicidade, por ele mencionados.
10-Sobre as denúncias, também formuladas no Blog do Jornalista Milton Neves, sobre as contratações intermediadas pelo Presidente do CFZ, junto a clubes portugueses em nome do Flamengo, por ordem do Diretor de Futebol, o Conselho Fiscal remeterá uma circular ao Clube Vitória de Guimarães para confirmar se o representante do CFZ esteve mesmo lá.
Por último, informamos aos senhores associados que expirou o prazo para resposta do Oficio CF 104/2010 referente os DISTRATO do Instrumento Particular CRF/CFZ e sua liquidação de haveres que, somados aos 16( dezesseis) ofícios pertinentes à matéria e que continuam sem resposta, ensejam grave transgressão estatutária.
Em face do exposto, a Presidência do Conselho Fiscal cumpre, nesta data, o que determina o artigo 115, XIV Instauração de Inquérito Disciplinar- para apurar prejuízos causados ao Flamengo pela apropriação indébita dos Direitos Econômicos do jogador Rafinha pelos representantes legais da MFD, em suposto conluio com o CFZ, no valor de 50% da cláusula penal estipulada em R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).
Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2010.
Leonardo Ribeiro
Presidente do Conselho Fiscal
Postar um comentário