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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cartolas em cozinha de hotel e pedido de camarote: bastidores de Gaúcho no Fla

Há duas semanas, Ronaldinho chegava a Londrina para se juntar aos novos companheiros de time e realizar a parte final da pré-temporada pelo clube que contratou aquele que já foi eleito duas vezes pela Fifa o melhor do mundo. Os primeiros dias do ídolo no Flamengo mostraram que o ambiente mudaria e uma nova atmosfera passaria a cercar o clube mais popular do país.

Mas antes desta revolução de ambiente na Gávea, que viverá seu auge na estreia do craque no dia 2 de fevereiro contra o Nova Iguaçu, muita coisa já aconteceu. Algumas delas, somente um grupo pequeno de pessoas sabe. Abaixo, o UOL Esporte conta detalhes pouco conhecidos ou ainda inéditos a respeito da contratação que mexeu com o futebol brasileiro no começo do ano.

  • AgNews

    Durante a Copa, Ronaldinho esteve no Rio e foi visto um pouco acima do peso jogando futevôlei

O início do sonho, os primeiros contatos

QUANTO CUSTA AO FLA?

Para o pagamento dos salários de Ronaldinho, fixados em R$ 1 milhão, o Flamengo terá de desembolsar “apenas” R$ 250 mil. Os outros R$ 750 mil são pagos pela Traffic, que desembolsará durante os quatro anos de contrato um total de R$ 36 milhões. Além disso, Ronaldinho receberá variáveis, que serão tiradas da participação em licenciamentos e uniformes. Este valor pode chegar ao montante de R$ 1 mi e 600 mil.

Durante o primeiro trimestre do ano passado, a presidente Patricia Amorim realizou os contatos iniciais com Assis, irmão e empresário do astro, e boa parte da família de Ronaldinho. A conversa foi proveitosa, mas apenas em julho, durante a disputa da Copa do Mundo da África do Sul, a negociação tomou corpo. Na ocasião, a dirigente telefonou para os seus pares pedindo que um projeto fosse confeccionado o mais rápido possível para Ronaldinho. Existia uma remota possibilidade de negociação instantânea, pois o jogador ainda tinha um ano de contrato com o Milan.

A reunião para a realização da proposta ocorreu em uma quinta-feira do mês de julho. Com uma força tarefa montada, o Fla viabilizou o documento assinado pela presidente Patricia Amorim em três dias. Assis gostou, mas a negociação não avançou na época pela dificuldade da liberação. A janela de transferências fechou e o irmão do jogador voltou para a Itália.

  • Alexandre Vidal/ Fla Imagem/Divulgação

    Já em meio ao Brasileiro, Luxa chegou e logo deu seu aval à contratação de Ronaldinho Gaúcho

Contatos de Zico e participação de Luxemburgo

DIVISÃO DOS PATROCÍNIOS

No contrato referente aos patrocínios, o Flamengo possui obrigatoriamente R$ 30 milhões garantidos por ano. O valor total de patrocínio que superar os R$ 30 milhões será dividido da seguinte forma: o clube da Gávea fica com seu montante garantido, a Traffic tira a sua comissão no valor de 20% do somatório de todos os patrocínios e o que sobrar é dividido meio a meio entre Ronaldinho e Flamengo. Abaixo do valor estabelecido, a divisão não ocorre. O montante para a liberação do Milan também é tirado em parcelas do patrocínio no uniforme rubro-negro.

Após a operação inicial, a diretoria rubro-negra manteve contatos telefônicos com Assis durante os meses seguintes. Em setembro, o Flamengo viajou para Porto Alegre para cumprir o compromisso de enfrentar o Grêmio, no Estádio Olímpico, no dia 22 daquele mês. Na ocasião, Zico era o diretor executivo de futebol e teve nova conversa com Assis, que o recebeu no aeroporto e levou todos os dirigentes rubro-negros para conhecer as instalações do Porto Alegre, seu clube na cidade. Outra reunião também com a participação do ex-vice de futebol, Vinícius França, aconteceu, e Assis pediu para que o Fla esperasse o mês de dezembro.

Em outubro, após a saída de Zico do clube, Vanderlei Luxemburgo assumiu o comando técnico e logo tomou conhecimento do desejo em contar com Ronaldinho. A proposta foi levada a ele no dia 7 de outubro, data da partida do Fla contra o Atlético-GO, em Volta Redonda, durante um almoço promovido por Luiz Augusto Veloso, diretor de futebol, com o treinador e integrantes do departamento de marketing rubro-negro. Luxemburgo aprovou a ideia e deu sinal verde para que os setores tocassem o projeto. Com contatos telefônicos permanentes com Assis, os dirigentes seguiam trabalhando no processo.

  • Reuters

    Com seu futuro em xeque, Ronaldinho foi a Dubai para treinar com o Milan no mês de dezembro

Dezembro: a entrada da Traffic no negócio

LUCRO ESTIMADO

A estimativa dos dirigentes baseada na montagem do programa fidelidade e estrutura comercial (Traffic – Flamengo - Ronaldinho) trabalha com um montante de R$ 200 milhões bruto em quatro anos de contrato. O valor será capitalizado através do uniforme, licenciamento e patrocínio. Obrigatoriamente, para a diretoria do Flamengo, Ronaldinho precisa render, no mínimo, R$ 50 milhões por ano ao Rubro-Negro.

No início do último mês de 2010, o Flamengo retomou os contatos para viabilizar a contratação. O clube entendeu que precisava de uma parceria consistente que topasse entrar no barco para a contratação do astro. Na cabeça dos dirigentes, o projeto era forte, mas o Flamengo necessitava mostrar para Assis que teria como arcar com tudo aquilo que estava no papel. Foi então que o Rubro-Negro foi ao mercado e bateu primeiramente na porta da Traffic, empresa de marketing esportivo, que elogiou o projeto e não relutou aceitá-lo.

Após a reunião na qual o “sim” da Traffic foi ouvido, um porta-voz do Fla entrou em contato com Assis e anunciou a novidade. O contato aconteceu por volta do dia 10 de dezembro. Naquele momento, o clube sentiu que havia marcado um gol na negociação. Dias depois, Assis já estava na sede da Traffic, no Rio de Janeiro, ouvindo da boca dos executivos da empresa a proposta para o seu irmão. Com a proximidade do Natal, a Traffic se reuniu com os dirigentes do Flamengo para fechar os últimos detalhes da parceria. As festas passaram, novos contatos com Assis não ocorreram, e só foram retomados no início de janeiro.

No momento em que o Flamengo buscou a Traffic, um importante impasse começava a ser solucionado na negociação. Tratava-se do pagamento da liberação ao Milan. Com a empresa de marketing entrando com capital para o pagamento de mais de 70% dos salários do atleta, o Flamengo poderia resolver com o seu caixa a liberação junto aos milaneses, que custou aos cofres rubro-negros 4 milhões de euros, pagos de forma parcelada, e tirados diretamente dos futuros patrocinadores do uniforme rubro-negro.

Enquanto isso, Grêmio e Palmeiras diziam que Ronaldinho estava contratado. A diretoria do Flamengo resolveu não se pautar por isso. Em silêncio, o processo evoluía e o meia parecia cada vez mais perto do clube.

  • AgNews

    No primeiro dia do ano, Ronaldinho desembarcou no Brasil e foi para uma churrascaria carioca

Um pedido inusitado de Assis

No dia 3 de janeiro, Assis, em conversa descontraída com um dirigente rubro-negro, afirmou que a proposta do Flamengo era muito boa, mas faltava um camarote para que ele pudesse assistir aos jogos do irmão no Engenhão. Os cartolas rubro-negros levaram a questão em tom de brincadeira, mas um deles chegou a se oferecer para bancar o espaço se este ponto realmente fosse o diferencial que separava o clube do jogador naquele momento.

Um dia depois, com as conversas esquentando, o Flamengo uniu forças para sair vitorioso no processo. Harrison Baptista, diretor executivo de marketing, que passou as festas de fim de ano em Miami, retornou ao Rio para as últimas reuniões. Uma delas aconteceu no Gávea Golf Club com os executivos da Traffic e reforçou a oferta ao Milan para a liberação de Ronaldinho.

  • Marcelo de Jesus/UOL

    Nos bastidores da entrevista do Copacabana Palace, dirigentes do Fla se perderam na cozinha

Perdidos na cozinha do Copacabana Palace
No dia 6 de janeiro, o astro concedeu uma entrevista coletiva no Hotel Copacabana Palace para falar sobre a liberação do Milan e seu possível novo clube. A data também marcou o encontro dele com os dirigentes do Flamengo, que silenciosamente reservaram um quarto no hotel desde as primeiras horas da manhã e esperaram Ronaldinho terminar a coletiva para encontrá-lo. No entanto, antes da entrevista, Adriano Galliani, vice-presidente do Milan, disse ao irmão do jogador que gostaria de conhecer a presidente Patricia Amorim, que estava acompanhada pelo diretor de futebol Luiz Augusto Veloso, o diretor executivo de marketing Harrison Baptista, o vice de finanças Michel Levy, além dos executivos da Traffic, Julio Mariz e Fernando Gonçalves.

Mas os dirigentes não queriam chamar a atenção dos torcedores e jornalistas presentes. Com isso, resolveram descer por outra parte do hotel. Neste caminho, perderam-se na cozinha cinco estrelas e ficaram sem saída, já que não podiam passar pelo hall principal. Mesmo com a coletiva atrasada, o tempo gasto no “corre-corre” fez com que o encontro só ocorresse após o término da entrevista, quando Ronaldinho, Assis e Galliani foram até o quarto onde os dirigentes rubro-negros estavam hospedados.

Na conversa, Ronaldinho mostrou curiosidade em relação ao Fla. Ele perguntou diversas vezes ao diretor de futebol, Luiz Augusto Veloso, sobre a equipe e o que estava sendo montado para o futebol rubro-negro. Também perguntou sobre os jogadores que conhecia, os que não conhecia, quis saber de tudo. Pacientemente, Veloso explicou o passo a passo ao astro.

  • Alexandre Vidal/Fla Imagem

    Depois de muita novela, Ronaldinho finalmente assinou contrato com o Flamengo até 2014

Assis: ‘Ele vai jogar de vermelho e preto’
A conversa foi produtiva e os dirigentes aguardaram com agonia o desfecho. Foram 24 horas sem qualquer contato com Assis. Mas na sexta-feira, dia 7, uma reunião foi convocada pelo irmão do jogador. Ao telefone, Assis disse a um dirigente rubro-negro: “Vem para cá. Nós vamos jogar de vermelho e preto”. Do outro lado da linha, o dirigente ainda brincou dizendo que o retorno ao Milan (também rubro-negro) seria o destino do atleta. Assis desconversou.

Na reunião, realizada à noite no apartamento de Assis, na Barra da Tijuca, a proposta foi finalmente aprovada após meses de negociações. Durante a conversa, Assis só fez a ressalva de que faltava a conversa final com o Milan. Na hora, o irmão de Ronaldinho passou a mão no telefone e marcou um novo encontro no dia 8, sábado pela manhã, no apartamento de Adriano Galliani, no Leblon. Da conversa surgiu a ideia da parceria de marketing entre Flamengo e Milan e a transferência já era dada como certa. Ao se despedir, Galliani disse aos dirigentes: “Fico muito feliz, pois o Ronaldinho vai continuar jogando de vermelho e preto. São as mesmas cores do Milan”.

Adriano Galliani foi peça-chave na fase mais complicada da negociação. A partir do momento em que o Flamengo fez a oferta ao Milan, o clube italiano deu o caso por encerrado, pois nenhum outro concorrente havia falado com o Milan anteriormente. O clube foi receptivo ao Flamengo e Galliani deu declarações consistentes firmando a possibilidade do acordo. A entrada da Inter de Milão no processo também fez com que o Milan apertasse ainda mais o cerco para a finalização do negócio com o Flamengo.

Ao descer na portaria do prédio, Galliani soltou a frase dos “99,9% acertado entre Flamengo e Ronaldinho” aos jornalistas que aguardavam o anúncio oficial. A bomba da transferência já estourava em todo o mundo. Durante o intervalo de um dia para o anúncio oficial, Grêmio e Palmeiras criticavam abertamente Assis em entrevistas coletivas e os dirigentes rubro-negros acertavam os detalhes do memorando de entendimento para fazer o anúncio oficial da contratação do jogador, que ocorreu no fim da noite do dia 10 de janeiro. Para a diretoria rubro-negra, o trunfo do clube foi o silêncio e a união entre a direção do futebol, financeira e marketing em uma fase decisiva da negociação.

Fonte: Uol Esportes


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