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sábado, 31 de julho de 2010

Ex-promessas, Morais e Jônatas vivem distantes do clássico

Crias de Vasco e Flamengo, jogadores não conseguiram corresponder às expectativas das duas diretorias e acabaram deixando os clubes

Por Felippe Costa e Rodrigo Benchimol Rio de Janeiro
No Brasil, o sonho de se tornar um jogador de futebol está presente na vida da maioria das crianças. Jogar em clubes de massa como Vasco e Flamengo, mais ainda. Morais e Jônatas conseguiram concretizar esse desejo. Porém, suas passagens pelos dois clubes com as maiores torcidas do Rio de Janeiro foram feitas de altos e baixos. Convocados na primeira lista do técnico Dunga para a Seleção Brasileira, em 2006, e apontados como grandes promessas na última década, eles acabaram causando um certo desapontamento nos que esperavam algo mais. Hoje, se encontram longe do clássico deste domingo, às 18h30m, no Maracanã, e também da mente do atual técnico da seleção, Mano Menezes.


Morais e Jônatas, Vasco e Flamengo.Morais e Jônatas disputam um lance durante um clássico entre Vasco e Flamengo. (Foto: Reuters)
Morais foi criado nas categorias de base do Vasco e tido como uma das grandes promessas do clube na década passada. Em 2001, o então técnico do time Hélio dos Anjos ficou encantado com o jovem e o promoveu para a equipe profissional declarando que surgia um novo craque no futebol. Habilidoso e ágil, Morais dividia as competições do time de juniores com os treinos na equipe principal.




O meia começou a ganhar destaque depois da partida contra o Atlético-MG em 1ª de junho de 2003, pelo Campeonato Brasileiro, quando teve uma boa atuação e acabou sofrendo um pênalti que resultou no empate vascaíno (2 a 2). No ano seguinte, recebeu uma proposta do Atlético-PR e se transferiu para a equipe de Curitiba. Foi campeão paranaense em 2005, mas retornou ao Vasco no segundo semestre do mesmo ano, quando começou a sentir a pressão de perto.


Já titular da equipe, Morais tinha uma identificação grande com o clube e sabia da necessidade de ganhar um título para confirmar de vez sua condição de ídolo da torcida, que estava carente de uma conquista importante. Ele reconhece que a final da Copa do Brasil, contra o Flamengo, em 2006, foi a maior chance que teve com a camisa cruzmaltina.


- Voltei muito bem ao Vasco e as coisas aconteceram muito rápido. O clube vinha de seis anos sem conquistar um título nacional, e a cobrança era grande no grupo. Uma coisa que me prejudicou muito foi a derrotou na Copa do Brasil justamente para o Flamengo. Depois disso, fiquei mais um tempo no Vasco, mas chegou uma hora que ficou insuportável e a melhor coisa que tinha que fazer era sair. Se eu fico mais, poderia prejudicar a minha carreira. Não guardo mágoas de ninguém e voltaria com o maior prazer. Participar de um clássico contra o Flamengo é maravilhoso, só quem viveu sabe. Chegar ao Maracanã e ver a torcida nas ruas é algo inesquecível. Todos sabem que sou vascaíno – lembrou.


Se eu fico mais poderia prejudicar a minha carreira"

Moraes
Junto com Jônatas, Morais foi chamado pela primeira vez para a Seleção Brasileira em agosto de 2006, para o amistoso contra a Noruega, mas os dois acabaram ficando no banco. Em 2007, foi pré-convocado para disputar a Copa América, na Venezuela, mas por uma lesão acabou ficando fora.
Em 2008, o jogador teve alguns problemas dentro de São Januário. Após uma manifestação de torcedores, que entraram na concentração, ele, alegando problemas psicológicos, pediu para não jogar. Isso não agradou à diretoria, que acabou aceitando a proposta do Corinthians pelo meia. Hoje, com 26 anos, Morais defende o Bahia na Série B do Campeonato Brasileiro.
Com o talento técnico reconhecido, Jônatas não se firmou na Gávea
Já Jônatas, que também viveu bons e maus momentos dentro e fora do Flamengo, atualmente está sem clube. Revelado na Gávea, o volante fez seu primeiro jogo profissional em 2002, com apenas 21 anos. Mas só foi se firmar em 2003. Daí em diante, passou a alternar grandes e péssimas atuações. Mas sempre com a capacidade técnica reconhecida, apesar da relação de amor e ódio com a torcida rubro-negra. O seu problema, porém, foi muito mais psicológico do que qualquer outra coisa.


Avesso às entrevistas, Jônatas sempre evitou o contato com a imprensa. Mas isso nunca atrapalhou seu aproveitamento pelos diversos treinadores que passaram pela Gávea. Considerado “paneleiro” por alguns, acabou entrando em rota de colisão com nomes como Cuca, Caio Júnior e Estevam Soares. Mas sempre foi elogiado por Waldemar Lemos, Joel Santana e Ney Franco, que o colocou como capitão rubro-negro na conquista da Copa do Brasil de 2006.


Jônatas tinha tudo para ser jogador de seleção"
Júnior
Pouco tempo depois de ser campeão, foi lembrado por Dunga na primeira lista do então novo técnico da Seleção Brasileira e acabou sendo negociado para o Espanyol. Por lá, voltou a ter problemas de relacionamento e não conseguiu se adaptar. Com isso, foi emprestado ao Flamengo em 2008. Mas, na nova passagem pela Gávea, houve mais frustrações do que alegrias. Por uma série de fatores (falta de preparo físico, quantidade de volantes no elenco e questões pessoais), não foi aproveitado por Caio Júnior.


Em julho de 2009, foi emprestado ao Botafogo. Causou polêmica logo no dia da apresentação ao não demonstrar grande alegria por estar no Alvinegro e não falar com os jornalistas. E não conquistou a confiança do treinador Estevam Soares. Com isso, rescindiu o contrato e “voltou” ao Espanyol. Fora dos planos do clube catalão, Jônatas passou a cumprir seu contrato longe da Europa e bem mais perto de casa. Desde então, curte as férias forçadas no Ceará.


- Jônatas tinha tudo para ser jogador de seleção: tinha qualidade técnica, ótimo passe, toque refinado, mas o problema dele é muito mais de formação. Sempre foi um cara que se desligava do jogo e que carregava para o gramado os problemas extracampo. Em função disso, não conseguiu deslanchar. Mas você vê que ele poderia estar nessa relação chamada pelo Mano agora, pois tem as características de volantes que foram chamados: bom sentido de marcação, ótima qualidade para sair jogando... Ele era um dos poucos jogadores atuais que sabia fazer um lançamento longo, vertical... Acho que foi uma perda ele não conseguir essa evolução na carreira – lamentou Júnior, que foi diretor do Flamengo em 2004. (Assista a um dos gols de Jônatas com a camisa do Flamengo naquele ano)
Quem também relembrou os momentos do volante na Gávea foi o psicólogo Paulo Ribeiro, que sempre teve bom relacionamento com o jogador. Mas reconhece que o atleta não lidava bem com algumas situações.
- Ele nunca foi afeito aos holofotes. Sempre foi tímido e tinha dificuldade para se expressar. Eu sempre o via caminhando de cabeça baixa até que um dia falei: “Começa a levantar esse ombro para que as pessoas possam ver que você está mirando alguma coisa”. Aos poucos ele foi fazendo isso, melhorando e vendo outros horizontes. Mas ele sempre foi muito ligado à família. Recordo que me disse uma vez que se tivesse de parar de jogar futebol por causa da família, ele parava – lembra o psicólogo.



A instabilidade na carreira também foi reconhecida pelo empresário do jogador, Eduardo Uram. Mas ele ainda acredita na capacidade de Jônatas em dar a volta por cima e reescrever seu futuro dentro do futebol.
- O Jônatas, depois que foi convocado pelo Dunga, foi negociado para o Espanyol. Ele teve problemas de adaptação lá... Talvez o erro foi não ter enfrentado essa adaptação. Ele se preciptou ao retornar ao Brasil, teve problemas com treinadores no Flamengo e no Botafogo. Depois, não abriu mão do saldo remanescente com Espanyol e quis cumprir seu contrato até o fim (terminou 30 de junho de 2010). Mas eu ainda acredito muito nele. Ele não acabou, como dizem algumas pessoas. Tem jogadores que quando atingem um certo patamar, perdem a vontade de jogar. Mas nesse período de dificuldade, o Jônatas teve a capacidade de se reenergizar, de voltar a querer jogar... Ele está treinando lá em Fortaleza e não está fora de forma. Estamos avaliando situações de mercado para ele. Primeiro, estamos esgotando as oportunidades no exterior. Ele tem uma situação no mundo árabe. Se não evoluir, vamos ver algumas coisas aqui. Ele tem sondagens de clubes como o Ceará e o Goiás. Mas Jônatas tem tesão mesmo em um dia retornar ao Flamengo para voltar a mostrar sua capacidade e dar uma resposta – disse Uram.


O GLOBOESPORTE.COM ligou diversas vezes para o celular de Jônatas, que completou 28 anos na última quinta-feira. Em apenas uma vez um amigo do volante atendeu e disse que ele estava treinando em Fortaleza. Quem sabe para tentar reconstruir a sua carreira. Assim como Morais, esse processo deve acontecer por um clube de menor expressão e bem longe do Flamengo e Vasco deste domingo, no Maracanã.

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