Na ‘Favelinha’, onde Bruno cresceu, silêncio só é quebrado por elogios
Amigos de infância evitam ao máximo comentar prisão e não acreditam em seu envolvimento no desaparecimento de Eliza Samúdio
Rua Santa Luzia, no Bairro Santa Matilde, a “Favelinha”, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A prisão de Bruno como principal acusado do desaparecimento da ex-amante, Eliza Samúdio, e os indícios de um crime bárbaro têm causado revolta em todo o país. Mas se há um lugar onde a imagem do goleiro do Flamengo segue intacta é nesse endereço. Na casa onde Bruno cresceu (portão verde), o silêncio impera (Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)
Entre ladeiras, ruas estreitas e esburacadas, Bruno mantém o status de ídolo e é venerado por quem o viu crescer e alcançar o estrelato. As notícias estarrecedoras chegam de tudo quanto é canto, jornais, rádios, televisão, nada capaz de apagar o carinho cativado pelo goleiro à base de abraços, sorrisos, cestas básicas e uma cervejinha de vez em quando.
No centro do caso policial que toma conta das manchetes em todo o Brasil, a “Favelinha” nunca foi tão procurada pela imprensa. Diariamente repórteres decifram o labirinto até a casa onde Bruno nasceu e deparam com o mesmo panorama: pouca gente nas ruas e portas fechadas quando o assunto é a polêmica que tem como protagonista o filho ilustre. O silêncio é quebrado quase sempre somente com a garantia de anonimato. As declarações em sua totalidade são em defesa do goleiro.
- Ele sempre tratou todo mundo muito bem aqui. Um rapaz bom, humilde mesmo. Toda folga que tinha aparecia, fazia o futebol dele, distribuía cesta básica. O Bruno não fez isso não. Para mim, ele entrou de gaiato no navio – disse um senhor de idade sentado na frente de um bar próximo da casa onde o jogador cresceu.
Diante da presença da imprensa, ruas no local
ficam praticamente desertas (Foto: Cahê Mota)
No local, por sinal, ainda vivem parentes de Bruno e de seu esposa Dayanne, também presa. Tios e primos moram na residência reformada pelo parente rico. Nada de muito luxo. Mas o suficiente para garantir a reclusão total em momentos como esse. Declarações? Só para negativas a pedidos de entrevistas sem sequer abrir a porta.ficam praticamente desertas (Foto: Cahê Mota)
Melhor amigo de Bruno na infância, Luciano, o Lulu, não estava em casa durante a visita do GLOBOESPORTE.COM. A profusão de entrevistas na véspera, porém, o fizeram tomar a decisão de não mais atender a imprensa. O motivo? Receio de associação com o caso polêmico ou até mesmo grampo em seu telefone. O espanto, por sua vez, é evidente.
Sem se alongar nem se identificar, a esposa de Lulu comentou rapidamente o episódio. Como esperado, defendeu o goleiro, mas não tratou como impossível sua relação com o crime.
- Não acreditamos nisso. O Bruno que conhecemos não é disso, mas não sabemos o que se passa na cabeça de uma pessoa, né?
Pai de amigo defende veementemente o goleiro
Pai do amigo Lulu, "Toninho Cerezo" é o único a
mostrar a face ao defender Bruno (Foto: Cahê Mota)
Quem não adotou a mesma precaução foi o pai de Lulu. Conhecido na região como “Toninho Cerezo da Favelinha”, ele foi o único a procurar a equipe de reportagem e fazer questão de defender Bruno. Com a experiência de quem viu o jogador do Flamengo crescer em sua casa, “Cerezo” demonstrou indignação e tratou sua prisão como um ato de injustiçamostrar a face ao defender Bruno (Foto: Cahê Mota)
- Ele nasceu e cresceu aqui na nossa favelinha. Na época que não tinha nada, não saia da minha casa. Era muito amigo do meu filho. Esse delegado está falando demais. Como que a criança apareceu e o corpo da mulher não? Estão sendo injustos com o Bruno. Ele sempre nos ajudou bastante.
A postura de Bruno com os ex-vizinhos depois da fama também foi elogiada pelo amigo. Segundo “Cerezo”, o goleiro fazia visitas rotineiras ao local e sempre fazia questão de ajudar os moradores.
- Sempre que aparecia, o Bruno jogava o futebol no campo ali embaixo (conhecido como Buracão) e depois pagava a cervejinha do pessoal, organizava torneios. Colaborava mesmo. Sempre foi importante para o povo do bairro.
Vizinhos garantem também que, apesar de ter se tornado uma figura polêmica até mesmo nos gramados, Bruno sempre foi “boa-praça” e não tinha o costume de se envolver em brigas.
- Nada demais. Nada além do normal para crianças e adolescentes. Tudo isso é surpreendente para todos nós – garantiu outro ex-vizinho que preferiu não se identificar.
Segundo relatos, Bruno viveu na “Favelinha” até o início de sua passagem pelo time profissional do Atlético-MG.
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