Bruno é um dos mais caros da história, e Fla ainda deve por ele
Clube gastou cerca de 4 milhões de euros para ter 90% dos direitos do goleiro. Rubro-negro ainda está pagando pela sua aquisição
Bruno e Macarrão indo para Bangu 2 (Foto: AE)
O lado passional fica à margem de quase toda a negociação que envolve grandes cifras no futebol. Cada jogador é visto como uma mercadoria e tem um preço de mercado de acordo com a sua qualidade. No caso envolvendo a aquisição de Bruno, preso pelo desaparecimento da ex-mamorada Eliza Samudio, este valor é alto e histórico na Gávea: cerca de € 4 milhões (em torno de R$ 9 milhões). Esse é o custo aproximado gasto pelo clube pela compra de 90% dos direitos econômicos do goleiro. O curioso é que o Flamengo, que suspendeu o contrato com o jogador, ainda não acabou de pagar toda a operação.Como a compra de Bruno foi dividida em várias etapas, os dirigentes envolvidos na sua contratação não recordam com precisão todo o mecanismo que foi sendo feito. O goleiro chegou à Gávea em agosto de 2006 por um empréstimo sem custos de um ano. Conforme o término do contrato foi se aproximando, o Flamengo foi negociando a aquisição de um percentual dos direitos do jogador. Isso foi se repetindo a cada janela de transferências, quando as ofertas do exterior chegavam ao grupo de investidores ligado a Kia Joorabchian, o mesmo que comandou a parceria da MSI com o Corinthians.
- Sempre fizemos tudo para ficar com ele. Chegamos a ir a Londres e ficamos uma semana lá negociando. Os caras (investidores) queriam colocar o Bruno no Benfica. Aí corremos atrás de soluções para prorrogar o empréstimo. Mas foram negociações distintas e foi tudo picado. O Flamengo ia lá e comprava um percentual, depois negociava outro. Mas eu confesso que não recordo esses detalhes de cabeça – afirmou Kleber Leite, vice de futebol do Flamengo entre 2005 e 2009.
Uma destas operações, talvez a mais famosa, foi a que envolveu a saída de Diego Tardelli, em janeiro de 2009. O Flamengo cedeu os 50% dos direitos que tinha do atacante ao Atlético-MG. Em troca, o clube mineiro não cobrou cerca de R$ 1 milhão por um percentual que era devido pela compra de 25% de Bruno, acumulou uma dívida de R$ 400 mil junto ao São Paulo, e ainda pagou R$ 300 mil aos rubro-negros.
A partir daí, o Flamengo passou a ter 90% dos direitos do goleiro, tendo gasto, aproximadamente, um total € 4 milhões por ele. Mas esse valor não foi quitado completamente e até hoje, mesmo depois de ter suspendido o contrato, o clube ainda deve aos investidores ligados a Kia.
- Quando eu assumi o futebol, em julho de 2009, a dívida pela aquisição do Bruno era um pouco mais de 700 mil euros (cerca de R$ 1,55 milhão). Toda hora estávamos sendo ameaçados por propostas que vinham de fora e, consequentemente, sofríamos pressões dos investidores pela quitação desta quantia que já não vinha sendo paga há algum tempo. Aí houve uma composição com o empresário do Bruno (Eduardo Uram) e com os investidores para que essa dívida fosse equacionada via Clube dos 13. Se eu não me engano, houve um parcelamento em dez prestações a serem debitadas a partir deste ano, ou no fim do ano passado. Não sei ao certo – explicou Marcos Braz, vice de futebol até abril deste ano.
Como na Gávea todo mundo está evitando qualquer tipo de comentário envolvendo Bruno, o GLOBOESPORTE.COM entrou em contato com a assessoria de imprensa do Flamengo. Após entrar em contato com Michel Levy, o vice de finanças que está na África do Sul, os assessores confirmaram que o clube não considera que deve mais nada, já que foi feito o acordo através do Clube dos 13. Sem informar valores e quem está recebendo este dinheiro, foi explicado que ainda falta uma pequena quantia a ser descontada.
O valor que o Flamengo está deixando de receber vem das cotas de televisionamento, e ainda faltariam cerca de R$ 300 mil para a dívida com o grupo de investidores ser quitada completamente.
Independentemente de quanto ainda deve, a compra de Bruno está entre as maiores já realizadas na história recente do clube. As duas maiores operações nos últimos anos foram para comprar, parceladamente, em 2007, 100% dos direitos de Kleberson, por € 2 milhões (cerca de R$ 6,6 milhões); e os US$ 1,2 milhão (R$ 2 milhões) por 20% de Toró, em janeiro de 2006.
Num passado um pouco mais distante, aparecem duas outras transações que talvez sejam equivalentes ao que foi gasto com Bruno. Em 1995, o Flamengo pagou US$ 5 milhões para contar com Edmundo (vale lembrar que este caso vem sendo discutido judicialmente até hoje pelo fato de o dinheiro usado na operação ter vindo de um empréstimo ou de uma doação do Consórcio Plaza, que construiria um shopping na Gávea, mas não o fez). Em 1999, o clube gastou cerca de US$ 6 milhões para comprar o atacante Leandro Machado.
- A vinda do Romário não custou nada. Fizemos uma operação de marketing na época. A contratação do Adriano também não custou nada, por conta da vontade dele e de uma composição que foi feita. Talvez a operação mais cara do Flamengo tenha sido a do Edmundo, mas mesmo assim não gastamos nada. O caso do Bruno foi diferente. Tratava-se de um goleiro que o Flamengo não tinha há muitos anos. E o retorno esportivo dado empatou todo o investimento que foi feito. Basta ver os títulos que ele ajudou a conquistar, sendo decisivo em praticamente todos – afirmou Kleber Leite.
Bruno, que ainda tem contrato até dezembro de 2012, conquistou o Tri do Carioca (2007/08/09) e o Brasileiro do ano passado, sempre fazendo defesas importantes e, inclusive, defendendo pênaltis em jogos decisivos.
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