I made this widget at MyFlashFetish.com.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Maldonado perde as férias e ganha um 'trauma' em nome da recuperação rápida

Três meses depois da cirurgia no joelho esquerdo, volante tenta voltar ao time contra o Vasco, no dia 14, e sonha disputar a Copa
Eduardo Peixoto e Rodrigo Benchimol Rio de Janeiro

Maldonado e a cicatriz no joelho esquerdo

A cicatriz no joelho esquerdo é a única marca visível da lesão que Maldonado sofreu em novembro de 2009. Mas na memória do volante do Flamengo está registrada toda a dor e o sacrifício para ter uma recuperação rápida. Isso incluiu a perda das férias e um leve trauma das praias cariocas.

Na última segunda-feira, o volante completou três meses de cirurgia e fez um exame que permitiu traçar o planejamento final de treinos para voltar a jogar. Inicialmente, a previsão era de cinco a seis meses para Maldonado disputar uma partida. Diante da boa resposta e da sua dedicação, sua previsão agora é para estrear em 2010 contra o Vasco, dia 14 de março, ou contra o Universidad do Chile, dia 17. Ou seja, menos de quatro meses depois da lesão sofrida pela Seleção do Chile, em amistoso contra a Eslováquia, dia 17 de novembro.

- A avaliação isocinética que ele fez na última segunda-feira serviu para ver a sua força muscular. Ela mostrou que ainda há um déficit entre as duas pernas, mas ele é muito pequeno. Maldonado está indo muito bem e ainda tem mais algumas semanas para melhorar isso. Ele teve um tempo de recuperação bom e muito interessante – disse José Luiz Runco, médico do Flamengo e da Seleção Brasileira.

Mas assim como aconteceu com a data de voltar a treinar com o grupo, o volante pode surpreender e antecipar em alguns dias o retorno aos jogos. Sua participação em coletivo, por exemplo, estava prevista somente para a próxima segunda-feira, primeiro dia de março. Mas ela aconteceu na última quinta-feira, mesmo com a forte chuva que caiu no Rio de Janeiro. Fato que o agradou muito mais do que os treinos na areia ao lado do auxiliar de preparação física do Flamengo Daniel Jouvim, o “Giga”.

Maldonado joga futevôlei ao lado do preparador físico Daniel Jouvim

- Desde o dia 25 de novembro é treino de manha, à tarde, de segunda a sábado e foram apenas sete dias de férias. Foram muitos treinos na praia. Não aguento mais ir para a praia, nem ver o Giga – brincou Maldonado, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

Nela, ele revelou que optou por perder as férias e se tratar com os profissionais do Flamengo por acreditar que poderia se recuperar mais rápido para realizar um sonho: disputar aquela que pode ser sua última Copa do Mundo (o jogador completou 30 anos em janeiro). Por isso comemorou ao saber que dois times do Chile estão no grupo (8) do Flamengo na Libertadores. Afinal, esta é uma ótima maneira de os chilenos poderem observá-lo melhor e perceberem por que os próprios companheiros o consideram uma peça fundamental dentro do time.

- Não vamos apressar as coisas, mas realmente ele é o tipo de jogador que faz falta ao time. É um volante experiente, que conhece a Libertadores... – disse Andrade.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Maldonado ao GLOBOESPORTE.COM.


Você fez um exame na última segunda-feira que mostrou que você está bem melhor. Mesmo assim, você ainda deve estar com aquela agonia de querer voltar logo. Como está o Maldonado nesse momento em que o retorno se aproxima?

Completei três meses de cirurgia esta semana e estou respondendo muito bem aos treinos. Encurtamos o tempo de recuperação, que era de seis meses, trabalhando muito forte nestes três meses. Fiquei todo o mês das férias (dezembro) aqui tratando para voltar o mais rápido possível. Agora está muito perto, mas ainda faltam mais duas ou três semanas para me preparar melhor e poder voltar a jogar.


Já existe alguma data para você voltar a jogar?

Na terça-feira, nós fizemos uma programação em que depois do dia 10 eu já poderei fazer alguma atividade mais forte, como um jogo. Dia 14, contra o Vasco, tem chance de eu participar para ver como estou e de repente até viajar para o jogo dia 17 (contra o Universidad do Chile) no Chile. Tenho de ver como vou evoluir nestas semanas que faltam.


Que outro detalhe você pode dar deste planejamento?
Segunda-feira foi a prova de fogo com o exame para ver como está a força da minha perna (esquerda). Fiquei muito tranquilo, o exame foi ótimo, a diferença de uma perna para a outra é pouca e ainda tenho mais três semanas para igualar... Tive um mês muito bom, evoluí bem e agora estou em uma semana mais decisiva, já trabalhando com bola e me preparando para voltar a jogar.


Você acabou perdendo praticamente todas as suas férias para se recuperar da cirurgia. Deve ter sido complicado...

Eu estava esperando por essas férias para aproveitar os amigos e a família, mas aconteceu... Aí fiz uma escolha. Poderia viajar para o Chile e me recuperar com os médicos de lá, mas preferi ficar, pois acredito mais no trabalho que o Flamengo faz. Indo para o Chile de repente eu não teria a mesma recuperação que eu tive aqui, mesmo perdendo as férias. Fiquei até o dia 23 de dezembro aqui, só fui para lá passar o Natal e o Ano Novo com a família e já voltei para o tratamento. Eu tinha compromissos em datas de fim de ano que tive de cancelar, perdi despedidas de jogadores amigos... Mas, analisando hoje, valeu a pena ficar aqui me tratando.


Qual é a maior dificuldade quando se tem este tipo de cirurgia? É a recuperação em si? É o fato de ver o time jogando e não poder fazer nada?

Maldonado no primeiro coletivo depois da cirurgia: relógio para a Copa do Mundo

O mais difícil é a cabeça. Lógico que sempre é bom estar com o grupo, mas o primeiro mês de tratamento foi o mais complicado. Parece que o joelho não vai melhorar nunca. Você faz tratamento em tempo integral todo dia e chega no outro dia e vê que não melhora nada, que ainda sente um incômodo em algum lugar. Isso fica na cabeça. Você fica pensando se você vai melhorar mesmo, quando você fará alguma coisa de novo... A evolução para você não é tanta, você não vê a melhora, manca, tem dor, a perna incha, incomoda para dormir, para tomar banho, o joelho começa inchar quando fica muito tempo sentado... Só depois, no segundo mês, que a perna vai respondendo melhor. É uma lesão agressiva, muito forte e é preciso ter paciência. Também é preciso muito de você. A cabeça tem de estar bem para voltar em tempo curto.


Em algum momento você teve medo de não poder voltar a jogar?

Medo não, mas senti raiva pelo momento que eu estava atravessando. Tinha o momento do Flamengo na reta final do Brasileiro, eu tinha sido convocado para a seleção depois de muito tempo... Aí aconteceu a lesão e começa a passar muita coisa na cabeça... Se vai dar ou não para ir para a Copa do Mundo, quanto tempo vai levar para voltar... É preciso ter cabeça boa para respeitar o tempo.


O Flamengo vem sofrendo muitos gols e a sua volta é aguardada por muita gente. Qual é a falta que você faz ao Flamengo? Os jogadores te falam o que sobre isso?
Eu não sei. Sei que o Flamengo tem jogadores de muita qualidade, mas não sei... Não sei como em 13 jogos (pelo Flamengo) tenha ficado uma marca assim, de saber por que faço tanta falta. Não consigo entender isso até agora. Mas é bom quando se está em um grupo em que os companheiros acreditam em você, de quando você está em campo e eles jogam a responsabilidade para você... Mas todo mundo fala que falta um algo a mais no time, que o time levou muitos gols, que isso não é normal... Você escuta muita coisa, mas o grupo é bom e com trabalho o time vai melhorando.


E como está sua cabeça com relação à Copa do Mundo pelo Chile?
Agora me sinto mais tranquilo por que estou perto de voltar a jogar novamente. Tenho grande chance de voltar à seleção chilena. São dois meses e meio que terei condição de mostrar que tenho espaço na Copa. Meu objetivo é voltar a jogar o mais rápido possível para mostrar que estou em boa condição e poder participar da seleção. Esta é a minha última Copa do Mundo pela idade que estou (30 anos). Depois, com 34 anos, acho difícil eu ir até pela geração do Chile ser muito jovem. Esse time aí vai durar muito tempo ainda.


Qual foi a sua reação quando soube que o Flamengo enfrentaria dois times chilenos (Universidad do Chile e Universidad Católica) na Libertadores?


Foi legal porque eu lembro que quando jogava no Chile, só tinha duas vagas para a Libertadores lá. Aí aumentaram as vagas e isso mostra que o país e os times estão melhorando. Foi uma notícia boa por que sempre fomos rivais deles. Eu era do Colo-Colo e a rivalidade com a U. Católica e a U. do Chile sempre foi muito grande, por serem clássicos... Então é uma alegria poder enfrentar eles novamente, mostrar seu trabalho. As pessoas lá às vezes escutam sobre você, falam que você está bem em tal lugar, mas não estão te vendo jogar e não sabem como você está de verdade. Então você vai lá e mostra.


Dentro do seu projeto de disputar a Copa do Mundo isso acabou sendo muito bom, não é? 


Muito bom. Você mostra. Eles te olham e podem ver o parâmetro que você está. Com certeza o pessoal da seleção vai assistir a esses jogos. Quero mostrar que estou bem.

Está muito cansado de tantos treinos para se recuperar? Quando isso tudo acabar, certamente vai querer ir para praia, não é?

Estou cansado demais. Desde o dia 25 de novembro é trabalho de manhã e à tarde, de segunda à sábado, foram apenas sete dias de férias. Eu e o Giga estamos acabados, mas está valendo a pena. Ele me passa muita coisa boa, não sinto mais dores, só algum incômodo no tendão patelar, mas na medida que eu vou ganhando massa isso vai sumindo... Só não aguento mais ir para a praia treinar, nem ver o Giga (risos).

0 comentários:

Urubutr