Um clássico é capaz de consagrar um jogador mediano. Ou pelo menos garantir-lhe um espaço generoso na memória dos torcedores. Bujica, Cocada são os exemplos clássicos da transformação de um Flamengo x Vasco. Mas há a situação contrária. Borja tinha apenas 20 minutos em campo pelo Rubro-Negro quando o treinador Rogério Lourenço optou por escalá-lo desde o início no duelo contra o maior rival do primeiro turno.
O tímido colombiano, de 22 anos, teve a chance de virar xodó aos 41 minutos. Fernando Prass defendeu chute de Vinícius Pacheco. A bola sobrou para Borja. Corte seco no zagueiro com a perna direita e corpo ajeitado para finalizar com a esquerda. Só que o chute não saiu como ele queria e permitiu que o goleiro vascaíno, à queima-roupa, fizesse outra grande defesa e segurasse o 0 a 0 no placar
(veja o lance no vídeo acima).
Assim que a jogada terminou, com escanteio favorável ao Fla, Borja deitou no gramado e colocou as duas mãos na cabeça. Sabia que desperdiçara uma chance única de fugir da fogueira rubro-negra, que naquele momento do campeonato queimava em fogo alto.
Se aquela bola entrasse seria bem diferente. Todo mundo me daria mais moral e eu conseguiria trabalhar mais tranquilo. "
Borja, atacante do Flamengo
- Se aquela bola entrasse seria bem diferente. Todo mundo me daria mais moral e eu conseguiria trabalhar mais tranquilo. Só que as coisas não saíram como eu gostaria - disse.
A partir daquele dia, o atacante transformou-se ao lado de Val Baiano em vidraça. E as pedradas foram fortes. Mas, em vez de guardar rancor das críticas, Borja mostra a cara. Ao receber o telefonema para dar entrevista, ele respondeu com firmeza se gostaria de falar:
- Com certeza.
Logo depois, comentou o momento de vilão que passou.
- A pressão é normal, mas os torcedores e a imprensa não pensam que podem machucar e batem forte. Muitas vezes de cabeça quente. Mas faz parte do futebol. Estou confiante - afirmou.
Se não bastasse a dificuldade para render em campo, o estrangeiro teve um outro problema. O Flamengo atrasou as parcelas do empréstimo de R$ 300 mil que devia ao Caxias, e o presidente do clube gaúcho ameaçou entrar com uma ação na Fifa. Mais uma vez, o nome de Borja foi para
- Não quis acompanhar muito. Foi uma situação ruim porque eu não tinha jogado bem. Mas em momento algum me disseram que eu voltaria ao Caxias - relembrou.
O clube aproveitou o Brasileiro sub-23 para dar-lhe uma segunda chance. O jogador aproveitou a chance, marcou três vezes em cinco jogos e nesta semana retornou ao time principal justamente na semana que antecede ao próximo encontro contra o Vasco.
- Foi muito bom atuar com a equipe sub-23. Tive a oportunidade de jogar mais solto, sem tanta pressão. Fiz três gols e melhorei minha imagem. Sei que quando tive chance no time principal não fui bem e não fiz gol, que é o que esperavam de mim. Até o dia que eu sair vou trabalhar forte para conseguir mostrar meu valor- contou.
Flamengo e Vasco se enfrentam neste domingo às 18h30m (de Brasília), e o GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real, com vídeo.
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