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quarta-feira, 17 de março de 2010

Na família Fierro, Gonzalo é o ídolo

Apoiador enfrenta o time de coração de seu pai e reencontra o palco onde brilhou pelo Colo Colo. Mãe e irmão se derretem ao falar do ‘Pistolero’

A história de Fierro se assemelha com a da grande maioria de jogadores. Mas a simplicidade de um dos ídolos do Colo-Colo e nome constante na seleção do Chile é facilmente percebida quando se conhece a sua família. No bairro de Maipú, em Santiago, ela ainda vive na casa construída há 27 anos pelos pais Jaime e Gladis.


Rodrigo Benchimol/GLOBOESPORTE.COM

O irmão Jaime com a camisa do Colo Colo, a mãe Gladis com a do Chile e o pai Jaime com a do Flamengo: apenas três camisas na carreira profissional de Fierro

Do lado de fora, ela é conhecida na redondeza por uma das poucas com dois andares. Por dentro, pelas inúmeras fotos do filho que realizou um sonho paterno de ser jogador de futebol. Gonzalo é tão ídolo da família que seu pai, torcedor da Universidad de Chile, adversário do Flamengo nesta quarta-feira, não pensa duas vezes antes de falar para quem vai torcer.

- Meu filho vem em primeiro lugar. Amanhã (quarta) eu sou Flamengo. Para um pai é um orgulho sem preço ver o seu filho jogando no maior clube do país do futebol – diz Jaime, que ainda trabalha como metalúrgico apesar dos 25 anos de profissão.

Peladeiro, ele sabe cada detalhe da história futebolística do filho de 26 anos. Na verdade, não só ele, mas o irmão mais novo (21 anos) e quase gêmeo que também se chama Jaime e que tenta trilhar o caminho de Fierro. Toda a trajetória do apoiador chileno é contada cronologicamente, seja pelas inúmeras lembranças deles, pelas fotos que decoram a casa ou pelo recortes dos jornais.

- Tivemos uma trajetória bem difícil. Eu sou de uma cidade chamada Bulnes, no interior (VIII Região do Chile), e quando vim para Santiago cheguei a ficar quatro anos sem um emprego fixo. Nada aqui foi fácil – diz Jaime, para começar a contar a trajetória de alguém que conquistou o Chile, após ser disputado pelos principais clubes do país.

A trajetória do “Pistolero”

  Rodrigo Benchimol/GLOBOESPORTE.COM

Gonzalo Fierro quando era criança

Com oito anos, Fierro começou a jogar no time da escola, onde sempre se destacou. Após alguns anos, ele resolveu fazer teste na Universidad Católica. Passou, mas a tradicional dificuldade para ir treinar o fez desistir do clube. Resolveu fazer a peneira do Universidad de Chile. Passou, mas depois de algum tempo, pediu uma liceça para fazer algumas provas escolares. Quando voltou, o técnico não era o mesmo, ele ficou desanimado e saiu.

O tempo passou até Fierro, com 14 anos, disputar um mundialito sub-15 pela seleção de Maipú. Terminou como goleador da competição e todos os times da cidade quiseram contar com ele.

- Decidimos pelo Colo Colo por conselhos de amigos, por ser o clube mais bem estruturado, que não tinha problema de transporte e por ainda contar com um colégio (cuja foto da formatura está na parede da sala) – explicou Jaime.

Com 17 anos, Fierro já estava jogando pelos profissionais, sendo convocado para as todas as seleções de base e conquistando seu espaço. Fato que aconteceu em 2002, quando ele foi um dos nomes mais importantes no título do torneio Clausura e ganhou o apelido de El Pistolero pelo forte chute.

Quatro anos depois, o apoiador escreveu de vez seu nome na história do Colo Colo ao conquistar, consecutivamente os torneios Clausura e Apertura de 2006 e 2007, totanilizando cinco títulos nacionais. Foi aí que ele se transferiu para o Flamengo, seu segundo clube profissional na carreira, e ajudou na conquista do Brasileirão de 2009.

O jeito de ser do ídolo do “gêmeo” Jaime 
 
Se não fosse pela barba rala por fazer e pelo corte de cabelo, não seria exagero dizer que Jaime e Fierro são gêmeos. Apesar dos cinco anos de diferença na idade, o irmão mais novo já confundiu muito torcedor fanático do Colo Colo. Principalmente na época em que ele estava nas divisões de base do mesmo clube.

- Quando acabava meu treino, que era no mesmo coplexo esportivo, eu ia encontrar com ele. Já fui cercado muitas vezes pelos torcedores que acompanhavam o treino lá. Era agarrado, puxado, pediam para tirar foto, dar autógrafo... E eu tentava explicar: “Vocês estão me confundindo. Eu sou irmão do Gonzalo”. Mas não adiantava muito – ri Jaime, que vê no primogênito um exemplo a ser seguido.

Mas não na mesma posição em campo. Afinal, por ser canhoto, o caçula joga como meia esquerda

- Mas ele é meu ídolo. Acompanhei de perto toda a luta dele para chegar onde chegou. Houve muito sacrifício nesse caminho todo. O momento que eu vou guardar para toda a minha vida foi quando ele marcou o primeiro gol contra La U, em um Monumental lotado, e eu estava como gandula – relembra.


Fierro nos primeiros anos como jogador profissional do Colo Colo

As boas recordações também fazem parte da memória de Dona Gladis. Mas não pelo sucesso do filho no futebol – ela prefere nem ser conhecida como a mãe do “Pistolero”, ídolo do Colo Colo. Mas por ele manter o mesmo jeito de ser, desde a adolescência.

- Gonzalo jamais me deu problema. Ele sempre foi responsável, caseiro, não ia para a farra... Ele é um homem sentimental, que se compadece diante das situações. Gonzalo é uma jóia – disse a mãe-coruja, para lembrar da única preocupação que teve com Fierro.

- Foi quando ele teve um descolamento da retina do olho esquerdo e tivemos de nos consultar com três médicos. Mas ele foi operado e deu tudo certo – explicou.

Toda essa união familiar justifica ainda mais a preocupação que o apoiador do Flamengo teve quando soube do terremoto que devastou o Chile, no último dia 27. O bairro de Maipú foi um dos mais afetados pelos abalos sísmicos que tremeram o país. Na casa da família, “só” os copos caíram da estante e os pedaços de vidro acabaram cortando o pé do irmão Jaime, que pulou do segundo andar quando tudo aconteceu.

Sem notícia alguma de casa durante quase 24 horas após a tragédia, ele chegou entrar em campo contra o Macaé no mesmo dia. No fundo ele sabia que não há terremoto que abale a estrutura dessa família humilde, unida e hospitaleira. Afinal, no Chile Gonzalo é ídolo fora e, principalmente, dentro de casa.

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