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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Léo Moura completa 300 jogos pelo Fla: ‘Um casamento que deu certo’


Lateral-direito faz balanço da marca histórica pelo Rubro-Negro. Clube planeja homenagem especial na partida contra o Avaí



Por Eduardo Peixoto
Rio de Janeiro


Léo Moura não tinha moicano quando chegou ao Flamengo em junho de 2005. E nem imaginava que, cinco anos depois, completaria 300 jogos pelo clube que sempre disse amar. A partida especial será neste domingo contra o Avaí, em Florianópolis.
Aos 31 anos (completa 32 em 23 de outubro, mesmo dia em que Pelé completa 70), o lateral fugirá da homenagem comum. Nada de camisa com o número 300 às costas. Ele manterá o número 2. Mas haverá um selo comemorativo nas camisas de todos os jogadores relacionados para a partida.
Léo Moura Flamengo casaLéo Moura sopra as velinhas dos 300 jogos (Foto: André Durão / GLOBOESPORTE.COM)
O capitão cresceu. Teve personalidade para adotar o cabelo moicano. Se não bastasse, ainda ganhou o título de jogador mais bonito do Brasileirão de 2010 no programa Esporte Espetacular.
- Não concordou com o resultado? - brincou.
Melhor deixar a resposta para a ala feminina e analisá-lo apenas dentro de campo. Ele não é o Imperador, mas tem um reinado inabalável na lateral direita. Houve desavenças, claro. A principal delas quando, vaiado por parte da torcida, respondeu com xingamentos no jogo contra o Náutico, em 2009.
camisa homenagem ao léo mouraClube fez um selo em homenagem ao lateral
(Foto: Divulgação/ Site Oficial do Flamengo)
Mas, como costuma dizer, as frustrações são bem menores do que as glórias em cinco anos de Flamengo. Três títulos cariocas, uma Copa do Brasil e um Brasileiro o colocam como um dos mais vitoriosos da história do clube. Mas falta algo.
- Ainda tenho certeza que vou disputar uma final de Libertadores pelo Flamengo - disse o jogador, que aponta a derrota para o América-MEX como a maior frustração que teve na Gávea.
O jogo de número 300 o deixará na 37ª posição na lista dos jogadores que mais vestiram a camisa rubro-negra. Júnior é o recordista, com 874.
Confira a entrevista de Léo Moura. O lateral mostra um relato que fez dos momentos que antecederam o título brasileiro de 2009 e do drama que passou por causa do tumor benigno que teve no nariz. Amanhã, sábado, confira também o diário do jogador, onde ele relata as emoções do hexa e o drama pessoal.
GLOBOESPORTE.COM: O que mudou do jogador Léo Moura de 2005 até agora?
LÉO MOURA:
 Não mudou tanto. Um pouco mais de experiência. A proporção no Flamengo é muito grande. É meio que uma escola, um aprendizado. Os cinco anos foram positivos, com títulos e conquistas pessoais. Olhando assim parece que são dez anos. Então, acho que o que aprendi nesse tempo será lição para o resto da vida.
Léo Moura Flamengo casaLéo Moura exibe camisa que usou na seleção
(Foto: André Durão / GLOBOESPORTE.COM)
Como recebeu a notícia da contratação?
Cheguei meio de surpresa para a imprensa e torcida. Mas vim do Braga, de Portugal, sabendo que jogaria no Flamengo. Desde o primeiro dia imaginava uma bela história no clube. Sempre sonhei atuar no clube do meu coração, tive outras oportunidades, mas não consegui vir. Foi o momento certo.
E no início ainda nem existia o moicano...
O penteado só foi surgir em 2006 (inspirado no inglês David Beckham). Agora não dá nem para tirar. Todo mundo vê na rua e comenta. As mães comentam que os filhos fizeram igual... Criei uma marca. Outro dia estava na piscina do clube e a senhora comentou que não conseguia ver quem era direito, mas só reconheceu pelo cabelo. Foi bacana porque associou o Léo Moura do Flamengo ao moicano.
Você tinha histórico de não ficar mais de um ano em clube algum. Mas isso mudou no Flamengo. Por quê?
Primeiro assinei contrato por dois anos e fiz justamente para criar raízes, aprender o que era o Flamengo. Falavam que era muita pressão, difícil jogar. E realmente é assim. Não é para qualquer um. Precisava desse contrato. Foi um casamento que deu certo.
E qual o sentimento de chegar aos 300 jogos, marca muito difícil no futebol atual?
Nunca imaginei fazer 300 jogos em um clube. Vou ser sincero. É muito jogo, são muitos dias dentro da concentração, muito tempo longe da família, das filhas, da mulher. Mas tudo para mim valeu a pena. Nesses 300 jogos a maioria foi de glória. Algumas decepções, mas a porcentagem de vitórias é muito maior.
Só de concentrações na véspera dos jogos mais pré-temporada e intertemporadas você certamente passou pelo menos um desses cinco anos dormindo em hotéis. Como lidar com a saudade?
Passo muito tempo longe da família, das pessoas que mais torcem. Mas eu fico longe e sei que a recompensa no futuro será para eles. Muitas noites na concentração, com vários parceiros de quarto. Isso tudo é a profissão. Mas eu que escolhi isso. Lógico que agora vou pensando mais para o futuro, parar de jogar. Só que quero ainda dar muitas alegrias à torcida do Flamengo.
Quem foram os melhores companheiros de quarto?
André Santos foi um. Um cara com que criei amizade muito forte. Fiz o André gostar de computador e hoje ele é mais viciado do que eu. Fernando, zagueiro do Vasco, é um cara que foi um grande parceiro. Agora o Jean, que é um pouquinho chato. Ele não gosta de dormir com televisão ligada. Mas é bom porque vou criando intimidade com os amigos e nunca tive problema algum.
Mas o status de capitão não dá para ficar sozinho nas concentrações? O Bruno fazia isso...
Não gosto de ficar sozinho porque procuro bater papo, conversar. Não tenho essa preferência. Todo mundo gosta de ficar comigo, isso é mais importante.
Na vida pessoal também houve mudança nesses cinco anos?
Hoje sou um cara muito mais caseiro. Quase não saio de casa. Antes eu gostava de sair. Vou criando mais experiência, passei a viver para a família. Vi que a noite não faz mais aquela diferença. Isso só me faz crescer como homem, como pai. Os nascimentos de Maria Eduarda (quatro anos) e da Isabella (dois anos) me fizeram pensar em muita coisa.
E nesses 299 jogos qual foi o mais marcante?
Um jogo? São tantos... Vários ficaram marcados. Não só por um gol, mas pelo momento da partida. Teve a estreia da Libertadores desse ano, quando fiz um gol de falta (2 a 0 no Universidad Católica, em fevereiro deste ano). Isso me marcou bastante. A estreia do Adriano (2 a 1 sobre o Atlético-PR, em maio de 2009) também. Além de ser um grande companheiro de quarto, era um cara que eu tinha o sonho de jogar.
Apesar do título brasileiro, o Adriano deixou o Flamengo em 2010 com a imagem um pouco arranhada.
Ele é um cara muito visado por ser craque e ídolo. E essa exposição foi ruim para ele, para o grupo. Se afetava-o, nos afetava também. Mas serviu de aprendizado. É um cara que tem dois filhos e certamente vai agir um pouco diferente.
Olhar para o lado e ver o Adriano mudava a confiança da equipe?
A referência dele ali na frente era muito grande. Comentamos isso na concentração. Era um cara que falávamos: “Oh, não vamos sofrer gol porque um ele vai fazer, com certeza”. E acontecia. Tínhamos muita confiança. Quando ele estava bem era certeza de vitória.
Léo Moura Flamengo casaLéo Moura em casa com a filha Isabella e a esposa (Foto: André Durão / GLOBOESPORTE.COM)
Por que o Flamengo não conseguiu superar a saída dele?
Foi um período difícil porque tínhamos acabado de sair da Libertadores, que no meu ponto de vista foi uma das mais fáceis. E perder um jogador como Adriano fez o grupo sentir muito. Vir um outro atacante para suprir a ausência dele é difícil. Hoje temos grandes atacantes, mas substituir o Adriano é complicado.
O que deu errado nessa Taça Libertadores?
Faltou um pouco mais de concentração. Vacilamos dentro de casa e deixamos para correr atrás fora. Em Libertadores isso não pode acontecer. Tem que entrar para matar. São adversários que estudam muito. Tínhamos jogado com o Universidad de Chile duas vezes na primeira fase e achávamos que faríamos os gols a qualquer momento. Mas o futebol não é assim.
Deixando a frustração de lado, dá para resumir a emoção do título brasileiro?
Foi um momento histórico. Não só para a minha vida, mas de todos. Ninguém esperava que seríamos campeões. Depois de tantos anos, o grupo entrou para a história. (aponta para a filha Isabella) Ela vai crescer e vão comentar com ela sobre o hexa. Isso é muito gratificante. Dentro do vestiário a gente se abraçava sem parar. Foi um grupo que sofreu e mereceu. Só queríamos comemorar e jogar água nos outros.
E como explicar que o atual campeão foi parar na beira da zona de rebaixamento?
Ano passado também estávamos em situação complicada e revertemos. Nesse ano começamos a bobear no início do campeonato. Não que fosse fácil, mas poderíamos ter vencido mais jogos. Deixamos para correr atrás e no Brasileiro é difícil. E chegaram alguns jogadores que não estavam bem fisicamente. O grupo sofreu, mas tem condição de reverter.
Assumir a braçadeira de capitão após a prisão do Bruno foi complicado?
Na época que o Bruno era capitão, eu sempre fui de falar. Por isso, recebi com tranquilidade. O grupo me respeitava. Sabia que uma hora ou outra a responsabilidade iria cair em cima de mim. Fico feliz por ser capitão de um clube com essa torcida. Mas o Léo Moura é o mesmo sem a braçadeira. Mesmo amigo, mesmo companheiro.
E como foi recuperar o moral dos companheiros após a perda do Bruno?
Foi muito difícil retomar. Tínhamos um companheiro e de repente ele não está mais. Cada um de nós tem coração, sentimento, e ficamos muito tristes pelo momento que o Bruno estava vivendo. Até o grupo se restabelecer foi muito complicado.
Já são cinco títulos desde que chegou ao Flamengo. Mas levantar uma taça como capitão seria diferente?
Vontade é grande, mas as coisas acontecem naturalmente. Todas as outras taças eu também levantei. Ser capitão e campeão é bom para o ego, claro. Tenho mais um ano de contrato e se o Flamengo quiser renovar por mais alguns vou conseguir alcançar mais esse objetivo.
E já está na hora de pensar em aposentadoria?
Agora não. Espero jogar mais uns quatro anos. Sofro pressão da família e eu mesmo me cobro. Mas ainda não é o momento. Quero trabalhar para garantir o futuro delas. Só que às vezes as minhas filhas falam: “Não vai, não. Fica aqui comigo”. Isso machuca um pouco. É ruim demais se concentrar, ficar longe delas.
Não dá para levantar a bandeira contra a concentração?
Só que isso no futebol tem que ter, principalmente no Brasil. Se liberassem para os jogadores se apresentarem no dia do jogo ia dar problema. Tem que dar aquela segurada mesmo. Entendo o lado do atleta querer sair um pouquinho, mas a concentração é necessária.
A maioria dos jogadores começa no Brasil e vai para a Europa com 22, 23 anos. Você fez o contrário. Jogou primeiro na Bélgica e na Holanda e passou o auge da carreira no Brasil. Por quê?
As coisas acontecem no momento certo. Minha carreira foi programada para subir de degrau em degrau. No Flamengo tive meus maiores salários. Tenho um contrato que me deixa tranquilo, seguro. E para sair só se for algo muito espetacular. Sair para se aventurar e ganhar a mesma coisa não vale a pena.
O Flamengo passou por períodos difíceis financeiramente. Como era a época dos meses de quase 90 dias?
Lidar com isso é muito difícil, até fica ruim para o clube cobrar pontualidade do jogador e outras responsabilidades. Alguns atletas queriam vir para o Flamengo, me perguntavam e eu falava a verdade. Não poderia enganar. Hoje em dia perguntam e eu digo que o salário está em dia. No futebol, isso é o mais importante.
Qual foi sua maior decepção no Flamengo?
Libertadores que a gente perdeu para o América-MEX. Fiquei duas noites sem dormir, não conseguia entender como perdemos. Achávamos que seria tranquilo e no fim do jogo o pessoal chorando. A culpa foi do grupo. Mas sei que ainda vou chegar em final de Libertadores pelo Flamengo.
Quais os principais amigos no Flamengo?
Foram vários. Renato Augusto, André Santos, Toró, Jean. Briguei muito para ele vir, incentivei muito. Adriano também criou grau de amizade. Sempre tive amigos.
E um técnico?
Paulo Autuori. Ele enxergou e me mudou de posição. Eu jogava no meio e ele me colocou na lateral. Quando falavam o nome dele para vir para o Flamengo, sempre coloquei pilha.
Qual a assistência mais marcante nos 300 jogos no Rubro-Negro?
Foi aquela para o Adriano na Libertadores, de três dedos. Fiz uma jogada lá de trás e dei passe perfeito. O Adriano se colocava muito bem. No início fiquei preocupado porque não sabia como ele gostava de receber as bolas. Conversava para entender. Ele disse que preferia a bola na segunda trave e deu certo.
Além do Imperador, qual foi o melhor parceiro?
Romário foi um cara que eu tabelei e tive sucesso. Ibson quando jogava pela direita também... Zé Roberto, Luís Fabiano. Vários... Difícil citar só um. Ainda mais eu que passei em vários times. Tive bons aprendizados. O Arce no Palmeiras me surpreendeu pela humildade.
E há alguém com quem não gostaria mais de trabalhar?
Tenho uma opinião, mas é melhor até deixar para frente. Sempre fiz amigos, nunca fui sacana com ninguém. Fiquei chateado quando soube de algumas coisas que fizeram, mas deixa para lá. No futebol tem muito disso.

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