I made this widget at MyFlashFetish.com.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

'Conselheiro' do basquete rubro-negro, massagista comemora 33 anos de Fla

Michila, que chegou ao clube em 1977 e só o deixou para servir a seleção, completa 65 anos e recebe homenagem surpresa dos jogadores da equipe
João Gabriel Rodrigues Rio de Janeiro

O banho de água fria depois do treino assustou Michila. A surpresa, organizada nesta quinta-feira por jogadores e comissão técnica da equipe de basquete do Flamengo não estava nos planos do massagista. Muito menos o bolo de chocolate, os parabéns e a camisa do clube, com seu nome e o número 65, a idade que completou no dia 3 de fevereiro. Emocionado, o carismático rubro-negro, que chegou à Gávea em 1977, não se cansou de agradecer a festa, em meio às brincadeiras dos companheiros, que treinaram na Arena da Barra, em meio ao recesso do NBB. O primeiro pedaço do bolo, no entanto, foi para ele mesmo, para evitar ciúmes.

João Gabriel de Lima/GLOBOESPORTE.COM

Michila, com a camisa que recebeu dos jogadores do Flamengo: emoção após homenagem

Michila é uma das figuras mais conhecidas do mundo do basquete brasileiro. João da Silva, seu nome de batismo, chegou de Vassouras, onde ajudava o pai em uma fazenda, para ser roupeiro do Mackenzie, em 1970. Pouco depois, por sua semelhança com o irmão de Fio Maravilha, ex-atacante do Flamengo, recebeu o mesmo apelido e o adotou como nome desde então. Foi assim que chegou ao clube rubro-negro, e à seleção brasileira, onde esteve no único período em que se afastou da Gávea. No total, são mais de 20 anos de serviços prestados.

- Eu sou Flamengo roxo. Mesmo antes de chegar aqui, quando ainda trabalhava capinando. Eu amo o Flamengo – diz o massagista.

João Gabriel de Lima/GLOBOESPORTE.COM

Michila veste a camisa, com o número 65

Histórias, são várias. Nos últimos 40 anos, Michila viu nascer nas quadras todos os ídolos do basquete brasileiro. Fala com carinho de Oscar, Rogério, Pipoca, entre tantos outros. Mostra, orgulhoso, seu álbum de recordações, com fotos, encartes de jornais e diploma de participação em Mundiais e Olimpíadas – foi a Barcelona, em 1992, e a Atlanta, em 1996.

- Ah, são várias histórias. Todos sempre foram muito bacanas comigo, me respeitaram muito. É um carinho muito especial. Sou muito reconhecido em qualquer lugar que eu vá. Todos falam comigo. E dá muito orgulho, é melhor do que dinheiro.

Michila gosta de lembrar do primeiro passo dos jogadores que conheceu. Recorda que viu Baby, hoje no Paulistano, começar na seleção de base aos 16 anos. O carinho é ainda maior quando fala de Duda, um dos destaques do time rubro-negro.

- O Duda sofreu muito para chegar aqui. Sempre foi um cara que lutou muito, teve problemas de lesão, e hoje é o que é – afirma, para depois falar da agressão que Duda sofreu de Manuil, do Vila Velha – Infelizmente, eu não estava lá. Na verdade, foi até melhor.

O rubro-negro lembra do tempo em que os grandes talentos surgiam em competições entre seleções dos estados. Para Michila, o fim destes campeonatos fez com que jovens talentos não tenham vingado.

- Sempre apareceu muitos jogadores nas seleções estaduais. Falta isso aqui no Brasil. Lá fora, em equipes na Europa, surgem meninos novos e bons, como o Ricky Rubio, do Barcelona. Aqui, é muito voltado para o adulto. Mas a base é tudo. No Brasil, você não vê gente jovem jogando, só atuando lá fora. O NBB está levantando um pouco isso, mas ainda é difícil.


Identidade de Michila em Atlanta e página de seu passaporte: viagens com a seleção brasileira

O massagista gosta de se pensar como uma espécie de orientador. Amigo dos jogadores, Michila gosta de conversar com os atletas, indicar qual é, em sua opinião, o melhor caminho a seguir. Nas horas difíceis, no entanto, prefere animar, tirar um sorriso depois de derrotas complicadas.
- Gosto de dar conselhos. Eles me ouvem bem, me respeitam. Na hora que alguém sai mais nervoso, tento acalmar, faço umas brincadeiras, dou uma chacoalhada.

O carinho dos jogadores também reflete a importância de Michila no grupo. Para Duda, o massagista é a tradução da equipe rubro-negra.

- Ela mostra bem o que é o Flamengo, com essa simplicidade, essa alegria. Ele é sempre o primeiro a chegar, faz questão de ir a todas as viagens. Assim é o grupo do Flamengo – diz o armador.

O pivô Coloneze lembra que a experiência e o “humor meio ranzinza” de Michila sempre animam o grupo.

- Ele é uma lenda. Tem história para contar para 500 gerações. Os jogadores estão sempre brincando com ele. Ele tem seu lado ranzinza, mas é muito engraçado.

Apesar de tanto tempo na estrada, Michila não pensa em parar tão cedo. Enquanto for querido, o massagista quer estar presente, vendo surgir novos talentos.

- Por quanto tempo eu puder, vou continuar. O basquete é uma cachaça, quanto mais se bebe, mais se quer.

0 comentários:

Urubutr