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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Craque Petkovic, do Flamengo, completa 38 anos

POR FRED GOMES

POR FRED GOMES
Rio - Se a torcida do Flamengo anda sem muitos motivos para comemorar devido à péssima fase vivida pela equipe no Campeonato Brasileiro, o dia 10 de setembro dificilmente passa em branco no calendário rubro-negro. Nesta sexta-feira, o craque Petkovic, herói da conquista do tricampeonato carioca de 2001 e um dos protagonistas na campanha do hexa brasileiro ao lado de Bruno e Adriano, completa 38 anos.



Nascido em Majdanpek, na antiga Iugoslávia (atual Sérvia), Pet chegou ao Flamengo decidido a brilhar. Em sua estreia com o Manto Sagrado, no dia 12 de fevereiro de 2000, um gol espetacular na goleada por 4 a 1 sobre Santos. A fila feita pelo gringo contra os adversários santistas foi apenas um aperitivo das alegrias que ele daria à Nação Rubro-Negra.



No dia 28 de maio ainda daquele ano, outra amostra de sua imensa afinidade com a bola e, principalmente, de uma singularidade que se tornou uma arma: o gol olímpico. Desta forma, ele deixou sua marca no empate por 3 a 3 com o Vasco. Foram outros três pelo Flamengo até hoje. Outro em 2001, na vitória por 4 a 2 sobre o Olaria, e mais dois em 2009, nos triunfos contra Palmeiras (2 a 0) e Atlético Mineiro (3 a 1).


Os gols olímpicos, aliás, renderam a Petkovic o funk "É o Pet", no qual o verso "O rei do gol olímpico, o goleiro nem se mexe" demarcou bem a especialidade do gringo mais querido da torcida rubro-negra.

Em relação ao ano 2000 somente mais um registro importantíssimo: no dia 10 de setembro daquele ano, quando completou 28 anos, o craque, com menos de sete meses de Gávea, ouviu mais de 60 mil vozes cantarem o "Parabéns pra você", algo que o próprio classifica como uma das passagens mais emocionantes vestindo rubro-negro. A homenagem ocorreu durante o empate por 0 a 0 contra o Palmeiras, válido pela Copa João Havelange.


O grande momento de Petkovic, como todo rubro-negro sabe, aconteceu no dia 27 de maio de 2001. O Rio passava por um racionamento de energia e o jogo, diferentemente do usual, teve início às 15h. Pouco antes das 17h, aos 43 minutos do segundo tempo, Edílson sofreu falta na intermediária. A bola estava muito mais à feição de Beto, que já havia sido substituído. Vale destacar que o gringo já havia cobrado várias faltas, todas sem perigo. Pois ele se apresentou e fez uma obra de arte, colocando no ângulo, sem chance alguma para o vascaíno Hélton.

Na arquibancada, um silêncio absoluto de dois segundos antes da êxtase total pelo gol do craque. Beto, um dos símbolos de raça, talvez tenha ajudado a quebrar ao silêncio ao sair pulando sem jeito algum, do lado de fora do gramado. O meia teve a oportunidade de desabafar contra os vascaínos, que o chamavam de "Cachaça, cachaça" a cada vez que ele ia cobrar uma falta. A reação do camisa 7 foi tão intempestiva que quase acabou em violência. Sorte que os policiais o seguraram e que o mais importante era a festa pelo tricampeonato carioca.

Pet seguiu brilhando intensamente até que em 2002, atrasos de salários e um desentendimento com a diretoria o fizeram trocar de ares. E a nova casa era São Januário. Um golpe duro nos rubro-negros que tanto o idolotraram e uma chance de se perdoar com os vascaínos, vítimas de seu futebol-arte.

O brilho do sérvio com a camisa do Vasco foi tão intenso quanto o apresentado com a rubro-negra. Talvez ele tenha até apagado da memória da torcida cruzmaltina aquele fatídico gol. Ele foi campeão carioca pelo Gigante da Colina em 2003, ano em que foi para o futebol da Coreia. Voltou pouco depois e foi peça fundamental na fuga do rebaixamento em 2004.

Pet foi tão genial que jogou parte do Brasileiro de 2004 "com uma perna só". Com uma lesão crônica na perna direita, passou a cobrar escanteios com a perna esquerda e os fazia com maestria. Foi dele o cruzamento para o zagueiro Henrique, que, de cabeça, fez o gol da vitória vascaína por 1 a 0 contra o Atlético-PR, responsável por evitar a queda.

Em 2005 foi a vez de os tricolores se deliciarem com o futebol de Pet. Lá, porém, ele não foi tão regular. Mas é válido destacar: momentos de brilho não faltaram e um golaço numa goleada por 6 a 2 do Fluminense sobre o Cruzeiro no Mineirão jamais foi esquecido pelos torcedores do Flu.

Depois de deixar o Flu em 2006, Pet teve passagens apagadas por Santos e Goiás, voltando a jogar bem somente no Atlético Mineiro, em 2008. Lesões, porém, o impediram de seguir como titular da equipe.

Em 2009 um dos reencontros mais emocionantes do futebol. O Flamengo tinha Adriano, Bruno, Léo Moura e Juan, mas precisava de um homem para dar o toque final, do lance de genialidade para que o Imperador brilhasse. Já Pet tinha a necessidade de um clube com o qual sempre teve grande identificação e, principalmente, com vitrine para verem que ele não estava "morto" para o futebol.

O casamento foi perfeito e o primeiro gol de Petkovic no retorno à Gávea aconteceu no sexto jogo, contra o Goiás. O Flamengo perdeu por 3 a 2, mas o gol, ocorrido após uma jogada magistral do próprio, foi uma prova de que ele realmente tinha o muito o que render com 36 anos.



Até o dia 6 de dezembro, data do hexacampeonato, foram outros sete gols, dois olímpicos, um de falta e jogadas geniais. Adriano agradeceu bastante e se entendeu bem demais com o companheiro que havia conhecido em 2000, no próprio Flamengo. Resultado: o Imperador, beneficiado por muitos passes do parceiro, foi artilheiro com 19 gols. A dupla foi crucial no fim do jejum de 17 anos no Brasileiro.




Em 2010, Pet já enfrentou diversos problemas. Quase deixou o clube após crise com o vice de futebol da época Marcos Braz, mas a torcida comprou a briga e o craque venceu a queda-de-braço. Idas e vindas para o banco de reservas também têm marcado a temporada do sérvio. Atualmente, ele não é titular, mas alguém duvida que ele pode dar a volta por cima e comandar uma nova reação rubro-negra? São 184 jogos pelo clube, quatro títulos (dois Cariocas, uma Copa dos Campeões e um Brasileiro) e 55 gols.

Parabéns, Petkovic!

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